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    CRÍTICA

    Espanhol 'Kiki' é um tratado engraçado sobre taras e sacanagem

    CHICO FELITTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    15/06/2017 02h10

    Divulgação
    Os atores Ana Katz, Paco León e Belén Cuesta em 'Kiki: Os Segredos do Desejo
    Os atores Belén Cuesta, Paco León e Ana Katz em 'Kiki: Os Segredos do Desejo'

    KIKI: OS SEGREDOS DO DESEJO (ótimo)
    (Kiki, el Amor se Hace)
    DIREÇÃO Paco León
    ELENCO Paco León, Ana Katz, Candela Peña
    PRODUÇÃO Espanha, 2016, 16 anos
    Veja salas e horários de exibição

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    Tudo o que você não sabia que queria saber sobre sexo e nunca teve coragem de perguntar, porque essas dúvidas nem passavam pela cabeça, está em "Kiki: Os Segredos do Desejo".

    O longa espanhol que estreia nesta quinta (15) é um tratado engraçado sobre taras. Uma espécie de comédia romântica em que os dez protagonistas fazem mais do que ficar só abraçados. Bem mais. Para falar sobre tesões enrustidos, o diretor Paco León adota o formato meio surrado de meia dúzia de histórias paralelas que formam uma trama quando mais se espera –no fim.

    Mas vale começar pelo começo. A sequência inicial, em que imagens de um casal em ação na cama, lambendo os pés, as mãos, as partes, se fundem com pedaços de animais, é de uma beleza rara. Esteticamente apetitoso. A mesma beleza plástica é emprestada a Madri num verão caudaloso, que vira um cenário fértil para os contos.

    Só dois deles a seguir. Um: cirurgião plástico que só se acende quando a mulher está apagada, dormindo profundamente, e entra em conluio com a empregada filipina, que se dispõe a fazer vista grossa da sedação da patroa com ansiolíticos, mas em troca pede uma cirurgia para botar os maiores peitões que ele tiver no consultório.

    Dois: a patricinha que só goza a valer em situações de perigo como um assalto na loja de conveniência do posto de gasolina, vai se casar com um bom tipo. O moço, um projeto de Luciano Huck, passa a bolar um assalto simulado, para dar prazer ao seu amor.

    Os atores seguram, sem exceção, papéis complicados e constrangedores. O sexo aqui não passa por um processo de assepsia. Os tesões são sujos, são improváveis e são inverossímeis –tão inverossímeis quanto são na vida real. E são tratados de maneira graciosa, sem nunca virar o motivo da piada. O filme ri da nossa fraqueza pelo sexo, da incapacidade de lutar contra o afã pulsante que vem de dentro, não das taras em si.

    É tanta nota de rodapé do "Kama Sutra" filmada que coloca o espectador túrgido –pelo menos nos ombros. Qualquer cena pode desandar pra sacanagem. Se surge um cachorro na tela, pinta com ele a dúvida: vai ser o próximo personagem? Não chega a tanto. "Kiki" é uma surra. É um exercício cerebral e de corpos cavernosos. Um tesão de filme.

    Assista ao trailer

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