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    Teatro desenhado por Vilanova Artigas em Londrina reabre após incêndio

    WILHAN SANTIN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRINA (PR)

    17/06/2017 02h00

    No dia 12 de fevereiro de 2012, um incêndio consumiu boa parte do teatro Ouro Verde, patrimônio histórico do Paraná e símbolo do município de Londrina. O fogo foi causado por um curto-circuito na parte elétrica do prédio, que estava vazio.

    Naquele domingo, enquanto os bombeiros trabalhavam, gente ligada à cultura chorava atrás do cordão de isolamento. Para muitos, era o fim do principal palco da região, que é propriedade da UEL (Universidade
    Estadual de Londrina).

    Diversas campanhas surgiram na cidade pedindo a reconstrução do Ouro Verde e, cinco anos depois, o edifício projetado pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), em parceria com o sócio Carlos Cascaldi, está quase pronto para voltar a receber espetáculos.

    Bancada com recursos do governo estadual, a reconstrução custou R$ 17,5 milhões.

    Estudioso da história de Londrina, o jornalista Widson Schwartz relata que Vilanova Artigas projetou algumas obras na cidade, entre 1948 e 1955.

    Naquela época, Londrina tinha apenas 35 mil habitantes e era uma cidade muito nova –foi emancipada em 1934–, mas vivia a efervescência da produção cafeeira.

    Artigas recebeu a encomenda de empresários para projetar um prédio que seria a sede da Autolon (Sociedade Auto-Comercial de Londrina) e outro, ao lado, para ser um luxuoso cinema. As obras começaram em 1949 e terminaram em 1952.

    "Trata-se de um projeto singular no universo da obra de Artigas. Em um período em que o arquiteto produzia seus projetos pautados pela leveza, transparência e volumetria expressiva, o Ouro Verde é marcado pela robustez", destaca a professora da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Juliana Suzuki, autora do livro "Artigas e Cascaldi: Arquitetura em Londrina".

    "É também um projeto sofisticado para os padrões da época, em que não se pouparam recursos técnicos e de acabamentos na construção", completa ela.

    MOBILIZAÇÃO

    O Ouro Verde funcionou como "cine-teatro" até 2002, quando deixou de exibir filmes. Seu palco abrigou o Filo (Festival Internacional de Londrina) e o FML (Festival Internacional de Música de Londrina).

    A reconstrução foi fruto de uma grande mobilização: dez escritórios locais de arquitetura e engenharia fizeram os projetos necessários, que foram doados à universidade. Mais de 40 profissionais trabalharam voluntariamente.

    Como o edifício é tombado, a originalidade teve que ser preservada ao máximo.

    Artigas e Cascaldi Arquitetura em Londrina
    Juliana Suzuki
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    Inicialmente prevista para terminar em meados de 2015, a obra sofreu com atrasos de pagamentos e chegou a ser paralisada, sendo finalizada no início de 2017. Para voltar a receber espetáculos, faltava apenas os equipamentos de som importados da Itália, que já chegaram e foram instalados.

    O novo Ouro Verde terá 726 lugares, teve o palco ampliado e ganhou equipamentos de acessibilidade, como elevadores para cadeirantes. A cerimônia de reinauguração está agendada para 30 de junho.

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