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    Violinista virtuose, Vadim Repin toca seus concertos favoritos em São Paulo

    AMANDA NOGUEIRA
    DE SÃO PAULO

    20/06/2017 02h04

    Quando o então aprendiz Vadim Repin, na época com 17 anos, resolveu romper os laços com seu mestre, Zakhar Bron, foi preciso coragem.

    "Tínhamos uma relação muito próxima, ele ficou muito chateado", lembra Repin, que se apresenta em São Paulo pela série de concertos Mozarteum Brasileiro nesta terça (20) e nesta quarta (21).

    Bron é um dos mais renomados tutores do violino ao redor do mundo –segundo Daniel Hope, um de seus aprendizes, ser educado por Zakhar Bron equivaleria a ganhar na loteria.

    "Não sei explicar, apenas senti que era hora de seguir por mim mesmo", diz Repin. "Hoje temos uma ótima relação novamente e aguardo para celebrar seu próximo aniversário, de 70 anos."

    Gela Medrelidze/Divulgação
    O violinista russo Vadim Repin, que toca com a Orquestra Sinfônica Estatal de Istambul
    O violinista russo Vadim Repin, que toca com a Orquestra Sinfônica Estatal de Istambul

    A autonomia do jovem ilustra a convicção com que o músico russo edifica sua carreira, sem cogitar alternativas. Repin afirma que os estudos, que datam da infância –ele toca desde os cinco anos–, nunca foram um fardo.

    "O que quer que você aprenda até os seus 15 anos, essa é a sua fundação mais forte. Quanto antes começar, melhor", acredita. "Aprendi a beleza da vida em concertos muito jovem".

    Sua formação se deu durante a abertura da União Soviética. Da época, ele diz guardar apenas boas lembranças, como a escola, "acessível e gratuita". "Já eram outros tempos, não como nos anos 1940 ou 1950. O regime já estava aberto e eu viajava o máximo que eu podia. Para nós, as portas estavam abertas", diz.

    Repin precisava, porém, ganhar o circuito de competições interno do país para receber o subsídio do governo e então pagar as despesas das viagens. A familiaridade com disputas o levou a se tornar o mais jovem violinista a vencer o Concurso Rainha Elisabeth, em 1988.

    Desde então, Repin, hoje aos 45 anos, coleciona honrarias e é celebrado como um dos mais importantes violinistas de sua geração, ainda que confesse "não saber lidar muito bem com isso".

    Apesar de dominar o repertório tradicionalista, Repin tem excursionado, nos últimos anos, com peças compostas especialmente para ele. "Acho que é da minha personalidade como artista ser o mais abrangente possível."

    Em sua terra natal, Novosibirsk, ele organiza anualmente o Trans-Siberian Art Festival, que chegou à quarta edição em 2017 exportando eventos para a Bélgica e no Japão.

    REPERTÓRIO
    Esta é a terceira vez que Repin se apresenta em São Paulo. Em seu retorno, ele se toca como solista da Orquestra Sinfônica Estatal de Istambul, com a qual já tocou uma única vez anteriormente, na Turquia.

    Ele apresenta dois concertos para violino e orquestra: na terça, a "Op. 47", do finlandês Jean Sibelius (1865-1957), e na quarta a "Op. 26", do alemão Max Bruch (1839-1920).

    "Esses são meus concertos preferidos, são muito românticos e expressivos, extremamente emotivos. São peças que eu adoro tocar e por acaso também são as preferidas do público", afirma.

    Já a orquestra, sob a batuta do croata Milan Turkovic, dedica-se a um programa com obras do turco Nevit Kodalli (1924-2009) e do tcheco Antonín Dvorák (1841-1904).

    *

    ORQUESTRA SINFÔNICA ESTATAL DE ISTAMBUL
    QUANDO ter. (20) e qua. (21), às 21h
    ONDE Sala São Paulo, pça. Júlio Prestes, 16, tel. (11) 3367-9500
    QUANTO R$ 160 a R$ 500 em ingressorapido.com.br

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