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    CRÍTICA

    'O Círculo' faz análise superficial da influência de novas tecnologias

    ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    22/06/2017 01h00

    O CÍRCULO (THE CIRCLE) (ruim)
    ELENCO: Emma Watson, Tom Hanks, John Boyega
    PRODUÇÃO: EUA, Emirados Árabes Unidos, 2017, 12 anos
    DIREÇÃO: James Ponsoldt
    Veja salas e horários de exibição.

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    The Circle é uma megaempresa de tecnologia, cujas características foram diretamente emprestadas da Apple e do Google, do campus futurista cheio de jardins e atividades de lazer para os empregados às palestras carismáticas de Eamon Bailey (Tom Hanks), um dos donos, espécie de Steve Jobs redivivo.

    Trabalhar na empresa é o sonho de muitos jovens como Mae (Emma Watson), que, no entanto, se aborrece num call center qualquer. Mas um dia a amiga Annie avisa que há uma vaga no Círculo e ela realiza seu sonho. Cheia de motivação, vai para o serviço de atenção ao cliente.

    A empresa aposta pesado no desenvolvimento do "True You", uma plataforma de acesso on-line que serviria para "simplificar o caos da internet", e no "SeeChange", minicâmeras que são espalhadas aos milhões por aí e transmitem ao vivo.

    Em seus discursos inflamados, Eamon defende esses projetos afirmando que tornariam o mundo melhor. Como um palavreado digno do Big Brother do romance "1984", de George Orwell, Eamon defende uma sociedade de transparência total martelando mantras como "segredos são mentiras" e "a privacidade é um roubo"

    Empolgadíssima com tudo isso, Mae acaba aceitando o convite de Eamon para ser a primeira a usar a tal câmera e transmitir tudo o que faz durante o dia aos internautas.

    Mas a experiência de transparência de Mae acaba mal, provocando desastres em sua vida pessoal. É dessa forma rasteira e previsível que o filme –adaptado do romance de Dave Eggers, publicado em 2013– questiona a renúncia à vida privada, às liberdades individuais e o primado da vigilância.

    A vertiginosa ascensão de Mae na empresa nada tem de verossímil, ao contrário. Toma decisões aleatórias e só percebe que a transparência total é nefasta perto do fim do filme. A interpretação de Emma Watson também não ajuda, pois ela tem sempre a mesma expressão no rosto seja qual for a situação.

    O desenlace é digno desse festival de inconsistências e afunda de vez o filme. O plano final do rosto de Mae, inexpressivo, parece contradizer tudo o que o filme porcurou criticar.

    Assista ao trailer de 'O Círculo'

    Trailer de O Círculo

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