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    Com Denise Weinberg, peça de Newton Moreno reflete sobre ritual da morte

    MARIANA MARINHO
    DE SÃO PAULO

    23/06/2017 02h15

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Sao Paulo, SP, Brasil. Data 21 - 07-2017. Espetáculo Imortais. Atrizes. Simone Evaristo (esq), Miclelle Boesche (centro) e Denise Weinberg (dir).Teatro Sesc Anchieta. Foto Lenise Pinheiro/Folhapress.
    Simone Evaristo (esq.), Michelle Boesche (centro) e Denise Weinberg (dir.) durante ensaio de 'Imortais'

    Uma senhora se ajeita no que espera ser sua futura lápide: um buraco no chão ao lado do marido já enterrado. "A morte", diz ela, "veio me namorar". Enquanto flerta com o fim da vida, sua filha, há anos longe de casa, a reencontra no cemitério.

    A reaproximação entre elas é o ponto de partida para o dramaturgo recifense Newton Moreno refletir sobre a morte e o amor em seu novo texto, "Imortais", que chega com direção de Inez Viana nesta sexta (23) ao Sesc Consolação.

    Os temas surgem da fricção entre o mundo de tradições de uma mãe (Denise Weinberg) e do universo contemporâneo de sua filha (Michelle Boesche). Esta volta acompanhada pelo noivo (Simone Evaristo), uma mulher em vias de se transformar em um homem.

    "São três figuras deslocadas buscando o lugar delas", diz Moreno, que tem outro texto, o premiado "Agreste", reestreando na mesma data no Teatro de Contêiner —em 2014, a montagem recebeu os prêmios APCA (melhor espetáculo e texto) e Shell (melhor autor).

    Para Denise Weinberg, "Imortais" fala sobre a incapacidade humana de amar. "O Newton constrói imagens poéticas e eu como atriz preciso trepar sobre elas para interpretá-las de forma concreta", conta.

    Segundo o dramaturgo, a peça também questiona o espaço da tradição nos dias de hoje. "Sempre fico pesquisando este mundo. Por ser de Recife, parece que não tenho muita escolha. A tradição me invade. Claro que eu a filtro e a reelaboro, mas ela vem", comenta.

    Na trama, é um festejo fúnebre de origem açoriana que toma protagonismo: a mãe deseja que uma Coberta da Alma seja realizada para ela e o marido. A filha, porém, refuta a ideia. Na Coberta, um ente querido assume por um dia a identidade do morto, vestindo suas roupas e imitando seus gestos, para que ele possa partir em paz.

    "O mundo está sem ritual, até mesmo o teatro. Talvez por isso tantas pessoas tomem remédios", afirma Denise. "O ritual ajuda a entender as coisas, a 'morrer com tempo', como diz a minha personagem."

    *

    IMORTAIS
    QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h; até 30/7
    ONDE Sesc Consolação, r. Dr. Vila Nova, 245, tel. (11) 3234-3000
    QUANTO R$ 40
    CLASSIFICAÇÃO livre

    AGRESTE
    QUANDO sex. a seg., às 20h; até 31/7
    ONDE Teatro de Contêiner, r. dos Gusmões, 43, tel. (11) 97632-7852
    QUANTO R$ 30
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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