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    CRÍTICA

    Em 2º álbum, Lorde incorpora pop, mas mantém sua estranheza

    DANRLEY CALABREZI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    28/06/2017 02h04

    Ao lançar o seu primeiro álbum, "Pure Heroine", em 2013, a cantora neozelandesa Lorde, então com apenas 16 anos, chegou como uma promessa com a mistura inusitada entre o electropop, música eletrônica e elementos de rock, somados à sua paixão pelo hip-hop (além de um estilo de dança um tanto peculiar nos palcos).

    À época, apesar de toda repercussão positiva, "Pure Heroine" soava muito cru, minimalista, alternativo demais e bem diferente de outros lançamentos do gênero, como "The 20/20 Experience", de Justin Timberlake, e "Beyoncè" -ambos álbuns mais voltados para o mainstream e que disputaram prêmios com o primogênito da neozelandesa.

    Entretanto, restou para Lorde, que ali não passava de uma boa artista com um bom álbum de estreia, a dúvida a respeito do futuro de sua carreira.

    Os anos se passaram e Lorde, 20, está de volta aos holofotes com o álbum "Melodrama", lançado no início de junho pela Universal Music.

    As diferenças em relação ao antecessor aparecem logo na primeira faixa, "Green Light", na qual Lorde mostra sua nova fase -mais pop, desprendendo do lado sombrio, mas sem perder a estranheza que já lhe é natural.

    Em "Melodrama", Lorde -alguns passos à frente de "Pure Heroine"- exibe uma evolução que vai além da transição da adolescência para a vida adulta.

    Dylan Martinez/Reuters
    A cantora Lorde no Festival de Glanstonbury de 2017
    A cantora Lorde no Festival de Glanstonbury de 2017

    A neozelandesa se desenvolveu como letrista, aprimorou a técnica ao cantar e suas composições estão mais maduras, mais sólidas.

    Além disso, colaborou efetivamente na produção do álbum -diferentemente do trabalho anterior, assinado pelo conterrâneo Joel Little.

    Ao longo das 11 faixas, Lorde canta o amor, as tristezas, as decepções e ensina como dar a volta por cima.

    Conforme o álbum progride, a sensação que se tem é que há um desafio pessoal diferente a ser ultrapassado em cada faixa, como os arranjos vocais bem trabalhados em "Sober", os versos suaves de "Liability", a variação melódica em "Writer in the Dark" e a energia pós-adolescente de "Perfect Places" -escolhido como o segundo single do trabalho.

    Em "Melodrama", Lorde se supera a cada música.

    O álbum sai do senso comum, tira o pop da zona de conforto, exibe uma Lorde em plena evolução, mantém a estranheza de outrora, mas atinge o mainstream com sobra.

    Essa somatória, que parecia improvável, faz de "Melodrama" um dos melhores álbuns do ano e desperta a ansiedade de seguir os próximos passos da neozelandesa.

    Melodrama
    ARTISTA Lorde
    GRAVADORA Universal Music
    QUANTO R$ 27,90 (CD)
    AVALIAÇÃO ótimo ★★★★★

    Edição impressa

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