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    CRÍTICA

    Carisma de Omar Sy no papel de pai levanta 'Uma Família de Dois'

    MARINA GALEANO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    29/06/2017 01h00

    UMA FAMÍLIA DE DOIS (bom)
    (Demain Tout Commence)
    DIREÇÃO Hugo Gélin
    ELENCO Omar Sy, Clémence Poésy, Antoine Bertrand
    PRODUÇÃO França/Inglaterra, 2016, 12 anos
    Veja salas e horários de exibição.

    *

    De modo geral, os remakes são recebidos com certa desconfiança pela crítica e pelos espectadores. A comparação com o filme original é inevitável, ininterrupta e, muitas vezes, compromete a nova experiência.

    Mas o caso não se aplica a "Uma Família de Dois", em cartaz a partir desta quinta (29). Pelo contrário. O longa assinado por Hugo Gélin se sai melhor do que a obra que o inspirou.

    Tudo bem que a tarefa nem era tão complexa, já que a comédia mexicana "Não Aceitamos Devoluções" (2013), dirigida e protagonizada por Eugenio Derbez, patina do início ao fim.

    Com maior investimento e elenco afinado, a refilmagem se sobressai em termos técnicos, artísticos e narrativos. Traz mais graça e elaboração a um roteiro insosso, quase bobo.

    Mas o grande trunfo da versão francesa atende pelo nome de Omar Sy.

    Conhecido pelo grande público desde "Intocáveis" (2011) –quando interpretou Driss, o cuidador despachado de um tetraplégico milionário–, o ator de 39 anos transborda carisma e levanta qualquer produção.

    Em "Uma Família de Dois" ele é Samuel, funcionário de um barco de turistas na Riviera Francesa que adora pagar de patrão, dar festas de arromba e conquistar belas mulheres.

    A boa vida acaba quando Kristin (Clémence Poésy), uma ex-peguete, aparece do nada com um bebê a tiracolo, diz que ele é o pai da criança e some num piscar de olhos.

    Desesperado, Sam embarca para Londres em busca da mãe da menina. Porém, a tentativa frustrada impõe o desafio de assumir a criação de Gloria (Gloria Colston).

    A partir daí, a trama se concentra na relação entre pai e filha, que, embora bem bonitinha, repete alguns problemas do longa original.

    Em poucos minutos, o choque do primeiro contato dá lugar a uma harmonia irretocável. O roteiro abusa das reviravoltas e chega muito perto de transformar uma comédia leve e despretensiosa num melodrama absolutamente dispensável.

    A coisa só não desanda porque o time de atores equilibra o tom. Omar Sy transita pelo riso e pela lágrima sem forçar a barra. A pequena Gloria dá brilho e graciosidade à sua personagem. Clémence Poésy transmite no olhar a culpa de uma mãe que abandonou a filha, e Antoine Bertrand (Bernie, o divertido amigo gay de Sam) justifica o clichê.

    Apesar dos consideráveis deslizes –em grande parte herdados do filme mexicano–, "Uma Família de Dois" vale o ingresso e contraria as expectativas sobre o desempenho dos remakes.

    Assista ao trailer de "Uma Família de Dois"

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