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    Peça sobre violência contra a mulher tem texto de Dario Fo como inspiração

    MARIANA MARINHO
    DE SÃO PAULO

    03/07/2017 02h00

    A atriz Paula Cohen, 43, inicia seu monólogo "Carne de Mulher", em cartaz a partir desta quarta (5), no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, com um ritual. Ela escreve em seu corpo nomes de mulheres mortas ou ignoradas pela "sociedade machista". O público também pode se expressar na pele da intérprete.

    "Todas as mulheres foram abusadas em menor ou maior instância. Não dá mais para ficarmos isentas", diz a artista, que se inspirou em um texto do livro "Oito Monólogos", escrito pelo dramaturgo italiano Dario Fo (1926-2016) e pela mulher dele, a atriz Franca Rame (1929-2013), para criar a peça.

    Paula comprou uma edição da obra há cerca de 20 anos, pouco após se formar na Escola de Arte Dramática da USP. Entre os solos, "O Monólogo da Puta do Manicômio" chamou sua atenção por expor violências sofridas por uma mulher ao longo da vida.

    "Abordo a história desta mulher, que não tem a melhor e nem a pior das trajetórias, mas que comunga com a vida de todas nós", diz.

    Para ela, uma das propostas do espetáculo é fortalecer uma voz feminina coletiva.

    "É importante ver algo e perceber que, infelizmente, de alguma maneira, você não foi a única a viver essa situação."

    MANIFESTO

    Toda a equipe de criação do espetáculo é composta por mulheres: a direção é de Georgette Fadel, a iluminação e o cenário de Marisa Bentivegna e a trilha sonora original foi criada pela escritora e DJ Claudia Assef.

    "É uma peça-manifesto", define a atriz. Não apenas pela temática, diz ela, mas pela forma independente de produção. A ideia inicial era financiar a montagem de maneira coletiva por meio da plataforma on-line Catarse. A meta era atingir R$ 23 mil –até o fechamento desta edição, porém, só R$ 9.810 tinham sido arrecadados.

    "Os artistas estão vivendo um momento de resistência. É triste ver como a arte vem sendo maltratada, como se fosse uma coisa supérflua", afirma Paula. "Busquei outra alternativa de financiamento porque não queria ficar refém do sistema. Não queria e também não podia esperar, porque acho que o espetáculo tem uma função política importante neste momento."

    *

    CARNE DE MULHER
    QUANDO qua. e qui.: às 21h; de 5/7 a 27/7
    ONDE Teatro de Arena Eugênio Kusnet, r. Dr. Teodoro Baima, 98, (11) 3256-9463
    QUANTO R$ 40
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos; 50 min.

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