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    Nova cinebiografia 'All Eyez on Me' investiga intimidade de Tupac Shakur

    JOE COSCARELLI
    DO "THE NEW YORK TIMES"

    06/07/2017 02h09

    1993/Associated Press
    FILE - This 1993 file photo originally provided by Columbia Pictures shows rap musician Tupac Shakur is shown in a scene from, "Poetic Justice." The upcoming Broadway musical inspired by Tupac Shakur songs will star Saul Williams, the poet and singer best known for the film "Slam." Producers said this week that the rest of the cast of "Holler If Ya Hear Me" will include Tonya Pinkins, Christopher Jackson, Saycon Sengbloh, Ben Thompson and John Earl Jelks. (AP Photo/Columbia Pictures, file) ORG XMIT: NYET107
    O rapper americano Tupac Shakur em cena do filme 'Sem Medo no Coração' (1993)

    Ainda que tivesse lançado discos por apenas cinco anos até ser assassinado aos 25, em 1996, o poder do estrelato de Tupac Amaru Shakur bastou para alimentar dezenas de álbuns, livros, documentários, teorias da conspiração on-line e até mesmo um musical mal-sucedido na Broadway.

    Nos últimos anos, ele vem se apresentando em shows, em forma de holograma, e serviu como espírito-guia para "To Pimp a Butterfly", de Kendrick Lamar. Em abril, tornou-se o sexto nome do rap a ser admitido ao Hall da Fama do Rock. Sua relevância jamais se reduziu.

    Mas até o lançamento de "All Eyez on Me" nos cinemas do EUA, em 16 de junho –não há previsão de estreia no Brasil–, a vida pessoal do rapper continuava oculta.

    O filme passou anos paralisado por problemas legais e de produção, mas terminou por ganhar impulso com a ajuda de fatores como discussões mais urgentes sobre a representação das minorias na mídia, a importância do movimento Black Lives Matter e o sucesso comercial de histórias sobre o hip-hop nas telas e palcos, de "Empire" a "Hamilton" e "Straight Outta Compton - A História do N.W.A.".

    O diretor de "All Eyez on Me", Benny Boom, é mais conhecido por seu trabalho em vídeos de 50 Cent, Nelly e Nas.

    Ele usa de base a criação do rapper como parte de uma família de ativistas, mostrando relacionamentos com mulheres e experiências diante da brutalidade da polícia, contrariando a tendência à caricatura, como acontece com Elvis Presley e Bob Marley.

    Ainda assim, "All Eyez on Me", estrelado por Demetrius Shipp Jr., novato muito parecido com Shakur, está longe de ser um sucesso garantido. Mesmo com o precedente de "Straight Outta Compton", drama que faturou mais de US$ 200 milhões nas bilheterias mundiais, "All Eyez on Me", cujo título é referência ao quarto álbum de Shakur, enfrenta diversos obstáculos.

    O filme, concebido em 2008, foi postergado por anos devido a uma disputa judicial com Afeni Shakur, a mãe do rapper, sobre direitos de imagem e controle criativo.

    As partes terminaram por chegar a um acordo e Afeni Shakur autorizou o uso do catálogo musical de seu filho e se tornou uma das produtoras executivas do projeto, mas o filme passou por diversos diretores e roteiristas, como Antoine Fuqua ("Dia de Treinamento"), John Singleton ("Os Donos da Rua") e Carl Franklin ("O Diabo Veste Azul"), antes que a produção fosse iniciada em 2015.

    Afeni Shakur, antiga integrante dos Panteras Negras e por muito tempo uma zelosa guardiã do legado de seu filho, morreu em maio de 2016. O espólio de Shakur não expressou apoio público ao filme, mas divulgou sua autorização a um documentário dirigido por Steve McQueen, premiado com o Oscar por "12 Anos de Escravidão".

    Um dos temores era que o filme recorresse ao sensacionalismo para relatar a disputa entre rappers da costa leste e da costa oeste dos EUA, envolvendo Shakur e seu amigo tornado rival Notorious B. I. G., morto a tiros seis meses após Shakur. (Nenhum dos dois casos foi solucionado.)

    "Ela não queria que o filme mostrasse jovens negros matando uns aos outros. Não é disso que trata este filme. Este filme fala de inspiração", disse Hutton, que trabalhou com Shakur na turbulenta Death Row Records.

    "All Eyez on Me" tenta evitar momentos mais controversos da vida e carreira de Shakur, entre os quais sua condenação por abuso sexual em 1994, mesmo ano em que ele levou cinco tiros em um assalto a um estúdio de gravação, o que deixou radicalizado e paranoico.

    Como na maior parte das biografias musicais que acompanham um astro do berço ao túmulo, os roteiristas de "All Eyez on Me" enfrentam a dificuldade de como mostrar o avanço de uma carreira sem recorrer a um sumário ao estilo Wikipédia ou a uma caricatura hagiográfica.

    Tradução PAULO MIGLIACCI

    Assista ao trailer oficial de "All Eyez on Me" (sem legendas)

    Assista ao trailer oficial de "All Eyez on Me" (sem legendas)

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