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    Dupla israelense canta funk em português e vira maior hit do país

    DANIELA KRESCH
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TEL AVIV

    07/07/2017 02h20

    Divulgação
    Liraz Russo, o Static, e Ben El Tavori, no cenário do vídeo que alcançou 20 milhões de visualizações
    Liraz Russo, o Static, e Ben El Tavori, no cenário do vídeo que alcançou 20 milhões de visualizações

    O 30° andar do prédio onde fica a embaixada do Brasil em Tel Aviv (Israel) foi tomado nesta semana por guarda-costas, produtores e agentes musicais. O furdunço acompanha os cantores do momento no país, Liraz Russo (o Static) e Ben El Tavori, convidados pelo embaixador Paulo César Meira de Vasconcellos.

    O motivo? O mais recente single da dupla, "Tudo Bom", com refrão e frases em português, tornou-se o maior hit em Israel dos últimos anos.

    A mistura de funk e samba foi lançada em junho no YouTube. Em um mês, ultrapassou os 20 milhões de visualizações, sendo que o país tem 8,5 milhões de habitantes. O hit do verão toca em rádios, TVs, festas, shows e boates.

    A canção cita palavras e expressões como "tudo bom", "batida legal", "cachaça", "caipirinha", "gatinha", "louca", "boca", "favela", "berimbau" e "batuque".

    Por coincidência, o embaixador do Brasil chegou a Israel no dia em que a música foi lançada: "Toda vez que alguém sabe que sou brasileiro, a primeira coisa que diz é 'tudo bom, tudo bom!'", relata.

    O uso das palavras em português não é gratuito. Há alguns meses, Static, 26, disse ter sido adotado e é possível que tenha nascido no Brasil. Nas décadas de 1980 e 1990, casais israelenses adotaram milhares de crianças no país –parte de modo ilegal antes do ECA ( Estatuto da Criança e do Adolescente), de 1990.

    E Static conta ter namorado uma brasileira por seis anos. "Dizem que tenho o look brasileiro. Me identifico com a cultura, com a capoeira. Sinto que há uma proximidade cultural entre os dois países. São calorosos, amam música, o movimento. Quisemos mostrar esse paralelo por meio da nossa canção", diz.

    É um pouco difícil explicar "Tudo Bom". Segue um trecho: "Ó, Tel Aviv, você é tão bonita/ Não é à toa que diz-se que vinho alegra o coração dos homens / Hoje comemoramos como no meio de uma favela/ Aqui, nós dizemos que "hacol besseder" (tudo bem em hebraico) / Lá, eles dizem que "tudo, tudo bom!"

    LAÇOS MUSICAIS

    Dez dias após o lançamento, o sucesso de "Tudo Bom" foi ampliado pelo blogueiro brasileiro Felipe Neto, com 12 milhões de seguidores no YouTube. Ele descobriu por acaso o clipe e gravou sua reação positiva. "Será que é vídeo sobre bomba?", perguntou-se, antes de assistir e se entusiasmar com a produção milionária.

    Brasileiros passaram a deixar comentários elogiosos na página da dupla. "O que aconteceu foi algo inusitado. Para mim, é algo mágico receber reações assim de brasileiros", afirma Static.

    A canção reacendeu o amor israelense pela música brasileira. O auge ocorreu nas décadas de 1970 e 80, quando ritmos "patropi" conquistaram o país. Samba, bossa nova, MPB, axé e forró passaram a ser figurinha fácil em TVs e rádios.

    Segundo o documentarista brasileiro Felipe Ivanicska, autor do curta "Samba de Lá "" Meorav Brazilai (Mistura Brasileira)", tudo começou com a Copa do Mundo de 1970, a única da qual a seleção de Israel conseguiu participar.

    Nomes importantes da música nacional passaram a gravar versões de músicas brasileiras ou compor canções inspiradas nos ritmos do Brasil. Gal Costa, a Banda do Zé Pretinho, Armandinho, Yamandú Costa, Gilberto Gil, Djavan e Daniela Mercury também refizeram shows no país.

    Nos anos 1990, a moda esfriou. Apenas por um breve período, a lambada se tornou popular, assim como o "Ai, se Eu te Pego" de Michel Teló.

    Mas, com "Tudo Bom", a moda do Brasil –e do português– voltou com força total.

    Assista ao clipe de "Tudo Bom" e leia a tradução da música

    Assista ao clipe de "Tudo Bom e leia a tradução da música"

    "Tudo bom"

    Ben El Tavorinho
    Statudom
    Jordalete
    Me deem uma batida legal!

    Batida legal
    Fazemos um carnaval
    Voamos pelo espaço
    Fácil!

    Carnaval aqui, como em São Paulo
    Então escuta, menina
    Pare de ser como uma cachaça
    Você é apimentada como uma caipirinha
    Gatinha, você é louca
    Vamos colar nossas bocas
    Se você acha que sou do Brasil
    Então como todo o seu corpo tem cor de "café moca"?

    Brindamos com o copo para o alto
    "L'chaim", "Salute", "Cheers"
    Vale a pena conhecer esta cidade
    E, se vocês já a conhecem, comecem a cantar!

    Ó, Tel Aviv, você é tão bonita
    Não é à toa que diz-se que vinho alegra o coração dos homens.
    Hoje comemoramos como no meio de uma favela
    Aqui, nós dizemos que "hacol besseder"
    Lá, eles dizem que "tudo, tudo bom"!
    Ei, tudo, tudo bom!
    "Hacol besseder", tudo bom, tudo bom!

    Berimbau!

    Você veio até aqui provavelmente atraida pelo ritmo
    Se você disser que não, me dê um minuto para corrigí-lo
    Seu corpo é lambada, o ritmo é batucada, isso vai acabar em disastre
    Ela não é da França, então me diga como consumiu o meu croissant

    A diferença entre você e todas as outras
    É que, de noite, você festeja em segredo
    Tel Aviv, Israel e além
    Tudo bom, "hacol besseder"!

    Ó, Tel Aviv, você é tão bonita
    Não é à toa que diz-se que vinho alegra o coração dos homens.
    Hoje comemoramos como no meio de uma favela
    Aqui, nós dizemos que "hacol besseder"
    Lá, eles dizem que "tudo, tudo bom"!
    Ei, tudo, tudo bom!
    "Hacol besseder", tudo bom, tudo bom!

    Ei, Jordalete! Isso não combina com você. Me dá um samba!

    Há rumores sobre ela de que recusou todos
    Há rumores sobre ele de que nenhuma o recusou
    Pode ser que dê certo se você falar diretamente com ela
    Pode ser que dê certo se você souber cantar com ela

    "Hacol besseder", tudo bom!

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