Nat King Cole (1919-1965) teve duas vidas. Na primeira, despontou como pianista e bandleader no jazz dos anos 1940, para se consagrar na década seguinte como cantor popular. Foi um grande vendedor de discos, até morrer ao 45 anos, de câncer no pulmão.

Sua segunda vida veio em 1991, quando a tecnologia permitiu o lançamento de um dueto virtual com a filha, a cantora Natalie Cole (1950-2015). A voz dela foi inserida em "Unforgettable", grande sucesso de seu pai em 1951.

O disco vendeu 14 milhões de cópias no planeta e arrebatou seis estatuetas do Grammy em 1992, incluindo as categorias Álbum do Ano e Canção do Ano. Um caso único no mercado fonográfico.

No volume 18 da Coleção Folha Lendas do Jazz, que vai às bancas no dia 16, esse fenômeno é apenas um dos capítulos da carreira triunfal de Cole. "Unforgettable", a gravação original, faz parte do CD que acompanha o volume.

Cole foi tão popular nos anos 1950 a ponto de ter sido o primeiro negro a apresentar um programa em cadeia nacional na TV americana, "The Nat King Cole Show" (1956-57). Seu sucesso como cantor chega a ofuscar sua importância como pianista.

Os discos da fase jazzística influenciaram gerações de instrumentistas. Muitos fãs do período nunca o perdoaram pela incursão pela música pop romântica. O melhor é apreciar todas as fases do artista.