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    Bandas É o Tchan e Molejo revivem anos 1990 em shows conjuntos

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    10/07/2017 02h00

    Alinhamento de astros, encontro mais importante do que Beatles e Rolling Stones, sinal de que o Brasil pode voltar aos eixos. O anúncio da turnê conjunta das bandas É o Tchan e Molejo, ícones do pagode nos anos 1990, causou frenesi -e inspirou um sem-fim de metáforas e comparações jocosas.

    Afinal, qual seria outra oportunidade de, num mesmo show, pegar "na vassoura" do Molejo e "no bumbum e no compasso" do É o Tchan, para citar dois hits respectivos? De que outra forma seria possível reunir jovens e tiozões em torno de uma mesma dancinha?

    A turnê "Moletchan" pretende ser a resposta. De um lado, a banda mais icônica do pagode baiano, forjada no samba de roda do Recôncavo, sob a batuta dos cantores Beto Jamaica e Compadre Washington. Do outro, o mais divertido grupo do pagode carioca, comandado por Andrezinho e Anderson Leonardo.

    O primeiro show da reunião aconteceu na última sexta (7), em Salvador.

    Molejo e Tchan já têm mais cinco shows conjuntos confirmados até outubro. "Queremos as pessoas felizes, cantando, com as pernas doendo de tanto dançar. Vamos deixar todo mundo de perna bamba", diz Andrezinho.

    Os grupos compartilham a capacidade de despertar a memória afetiva de uma geração para a qual músicas como "Segura o Tchan" e "Samba Diferente" são hits obrigatórios de fim de festa.

    "O Molejo e o Tchan são bandas vintage, coisas antigas que nunca saem de moda. Estamos aqui neste momento porque fizemos coisas boas lá atrás, fizemos as pessoas cantarem e dançarem", afirma Beto Jamaica, vocalista do É o Tchan.

    A ideia da turnê surgiu em cima do trio elétrico, durante um show conjunto na Virada Cultural, em São Paulo. Os grupos anunciaram o encontro nas redes sociais; quando desceram do trio, contam, a repercussão já tinha ganhado proporção inimaginável.

    Nos dias posteriores, a parceria foi o assunto da internet. Isso porque, além do sucesso na mesma época e do status de "vintage", Tchan e Molejo permanecem no imaginário das novas gerações. São ícones da internet brasileira e frequentemente inspiram memes.

    Depois de um período de baixa, o É o Tchan voltou a ganhar espaço quando o vocalista Compadre Washington protagonizou o comercial que tornou célebre o bordão "sabe de nada, inocente".

    O Molejo virou assunto após fãs brasileiros da cantora Lady Gaga notarem semelhanças entre a letra de "Perfect Ilusion" e a de "Cilada", da banda carioca. A americana comentou a coincidência entre os refrões que dizem "não era amor", e a internet veio abaixo em uma enxurrada de memes e comentários.

    Da parceria, já surgiram duas inéditas. Uma delas, com potencial de ganhar o público: "Varre e Segura", uma mistura que é "beleza pura" e que "começou em Salvador e vai terminar em Cingapura", diz a letra.

    A música e coreografia são inspiradas na "Dança da Vassoura" e em "Segura o Tchan", duas das mais famosas músicas das bandas.

    ENSAIO

    Com um copo de acrílico rosa nas mãos, Compadre Washington anda de um lado para o outro do palco. Dá uma golada no uísque 12 anos sem gelo e solta um de seus tradicionais bordões: "Tome, distraído".

    São 18h de sexta-feira (7), e as bandas É o Tchan e Molejo ensaiam para o primeiro show da turnê conjunta, numa casa de shows em Lauro de Freitas, na Grande Salvador.

    No palco, improviso e chistes dão o tom.

    "Andrezão, Andrezão", brinca o vocalista Compadre Washington, imitando a voz de Anderson Leonardo, do Molejo, quando, em "Brincadeira de Criança", pergunta: "Sabe qual a brincadeira de que eu mais gosto?".

    A resposta: "É aquela brincadeira de beijar". "Eu gosto 'muitcho'", diverte-se Washington.

    Beto Jamaica canta "Olho Viu, Boca Piu", nova aposta do Tchan. E, como um maestro, orienta as duas bandas. "Vamos tocar mais uma para dar uma 'groovada' nas percussões. Vai ficar bonito."

    As três dançarinas são anônimas. Sheila Melo virou empresária, Sheila Carvalho, apresentadora, e Jacaré, ator.

    À reportagem, baianos e cariocas definem a parceria: é amor ou cilada? "É cilada", dizem. Mas uma cilada "com responsabilidade, com carinho", conclui Andrezinho

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