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    CRÍTICA

    'Mensagem' ocupa primeiro plano no road movie 'Tour de France'

    CÁSSIO STARLING CARLOS
    CRÍTICO DA FOLHA

    13/07/2017 01h00

    Divulgação
    Os protagonistas Serge e Far'Hook em 'Tour de France
    Os protagonistas Serge e Far'Hook em 'Tour de France'

    TOUR DE FRANCE (regular)
    ELENCO: Gérard Depardieu, Sadek E Louise Grinberg
    PRODUÇÃO: França, 2016, 12 Anos
    DIREÇÃO: Rachid Djaïdani
    Veja salas e horários de exibição.

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    "Tour de France" começa com créditos de produção nos quais se lê que o filme foi feito com recursos, entre outros, do Fonds Images de la Diversité, responsável pelo fomento de produções que "representem o conjunto de populações oriundas da imigração e das colônias que compõem a sociedade francesa".

    O esclarecimento é importante para se considerar o alcance da proposta desse segundo longa de ficção de Rachid Djaïdani.

    Trata-se de dar visibilidade a minorias e levar a outros públicos problemas sociais urgentes como racismo, terrorismo e exclusão.

    Como em grande parte do cinema contemporâneo, a mensagem aqui ocupa o primeiro plano. O roteiro, também assinado por Djaïdani, busca integrar essa prioridade à trama, que combina elementos de filme de dupla e de "road movie".

    O primeiro gênero aparece na reunião de dois tipos divergentes, representados por Far'Hook, jovem árabe interpretado pelo rapper Sadek, e por Serge, francês tradicionalista ao qual Gérard Depardieu se encarrega de dar autenticidade.

    A viagem, por sua vez, serve como motivo integrador, uma situação na qual o imigrante descobre a França profunda, na história e na geografia, e o francês nativo compreende que seu país não é um quadro eternizado num museu.

    No caminho, ambos têm de lidar com a alteridade e, em particular, com a ignorância mútua acerca dos valores próprios.

    O tema duplo da tradição e das forças em movimento também é evocado no título, que reproduz o nome da mais cultuada disputa de ciclismo, esporte favorito do país.

    A escrita habilidosa de Djaïdani se revela em diálogos que expõem as limitações do mundo de cada um, forçados a se abrir na convivência forçada. Nessa etapa de descobertas, o filme consegue dar concretude a seus personagens, libertando-os dos estereótipos e conduzindo-os a compreender o porquê de suas diferenças.

    Essa vantagem, contudo, perde força na parte final, quando a solução sugerida é a de comunidade sem conflitos, baseada na aceitação plena das diferenças.

    Quando prefere largar mão da fábula, "Tour de France" desiste também de ser um filme para ser somente uma peça de propaganda.

    Assista ao trailer de "Tour de France"

    Assista ao trailer de "Tour de France"

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