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    Em 1965, russo iniciou alinhamento de projetos entre artistas e astronautas

    SALVADOR NOGUEIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    19/07/2017 02h04

    The Memorial Museum of Cosmonautics/Divulgação
    Obra do cosmonauta russo Alexei Leonov, 'Over the Black Sea', de 1973
    Obra do cosmonauta russo Alexei Leonov, 'Over the Black Sea', de 1973

    Se a arte é uma forma de expressar a experiência humana, é natural que as viagens espaciais –diferentes de tudo o que se pode fazer na Terra– sirvam de grande inspiração.

    A primeira obra de arte produzida no espaço remonta a 1965, quatro anos após o voo inaugural de Yuri Gagarin. Seu autor foi Alexei Leonov, primeiro ser humano a deixar uma espaçonave em pleno voo e fazer uma caminhada espacial.

    Desenhista e pintor de talento, o cosmonauta lutou com seus trajes desajeitados e o ambiente sem sensação de gravidade para, com lápis de cor, desenhar uma visão do nascer do Sol visto da órbita.

    Após o retorno de sua missão, Leonov perdeu a chance de ir até a Lua, já que a União Soviética abortou seu programa lunar após o sucesso dos EUA com as missões Apollo.

    O cosmonauta nunca perdeu o contato com as estrelas, contudo. Por meio de pinturas, retratou diversas cenas espaciais, dentre elas suas próprias missões.

    Trata-se de uma tradição mais antiga –o uso da arte para expressar a realidade do espaço profundo.

    Exemplos prolíficos dessa arte hoje são comumente empregados por agências espaciais para retratar planetas fora do Sistema Solar, mundos tão distantes que não temos hoje tecnologia para fotografá-los.

    Leonov deu início à tradição de "experimentos artísticos" no espaço, alinhando artistas e astronautas em projetos conjuntos.

    Um dos experimentos executados pelo astronauta Marcos Pontes a bordo da Estação Espacial Internacional, em 2006, envolvendo nuvens de interação proteica, tinha viés tanto científico como artístico.

    Ele envolvia reações em microgravidade com proteínas ligadas à luminescência de vaga-lumes e a produção de imagens a partir disso, para criar uma imersão com os vídeos. Quase uma instalação artística.

    Infelizmente, o arranjo não produziu o resultado esperado. Um dos maiores dramas da arte no espaço é que não há muita margem para rascunhos e segundas tentativas.

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