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    Setor elogia experiência de Sérgio Sá Leitão, mas critica falta de diálogo

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    20/07/2017 14h58

    Ricardo Borges/Folhapress
    O jornalista Sérgio Sá Leitão, indicado por Temer para o Ministério da Cultura
    O jornalista Sérgio Sá Leitão, indicado por Temer para o Ministério da Cultura

    O mais novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, tem experiência técnica, mas é pouco afeito ao diálogo, afirma parte expressiva do setor cinematográfico, área em que ele mais se destacou.

    Desde 2003, transita por cargos que vão de assessor da presidência do BNDES à diretoria da Ancine, e governos díspares, como o de Lula (PT) e o do ex-prefeito carioca Eduardo Paes (PMDB).

    O "jogo de cintura" ao transitar por gestões tão diferentes é elogiado pelo produtor teatral Eduardo Barata, que o conheceu no começo de sua carreira pública, como chefe de gabinete do então ministro da Cultura Gilberto Gil (2003-08), na gestão Lula.

    "Esse trânsito vai fazer com que ele, como ministro, encampe nossas propostas no Legislativo", afirma Barata.

    Em 2009, Sá Leitão foi chamado por Paes para presidir a RioFilme, agência de fomento ao audiovisual carioca.

    No cargo, em que permaneceu até 2015, o atual ministro exalta números: "R$ 185,5 milhões investidos em 484 projetos, com saldo de 32 mil empregos, movimentando R$ 2 bilhões", afirmou em entrevista à Folha, em fevereiro.
    Foi alvo, no cargo, de acusação de ter beneficiado só grandes produtoras e de ter sufocado o cinema autoral.

    Como oposição, surgiu em 2014 um movimento de cineastas chamado Mais Cinema, Menos Cenário, que pedia mais transparência nas contas da RioFilme. Naquele ano, Sá Leitão disparou e-mails, divulgados pelo jornal "O Globo", que alertava nomes como Cacá Diegues e Mariza Leão sobre a necessidade de "isolar" os "black blocs".

    Nenhum dos dez artistas e produtores culturais procurados pela Folha quis criticá-lo abertamente. Sem se identificar, reclamaram de falta de transparência e de diálogo.

    Para Diegues, as críticas a Sá Leitão são fruto de "um transe que às vezes ocorre aos cineastas que não conseguem fazer seus filmes e acabam tendo que achar um culpado".

    "A RioFilme salvou o cinema brasileiro e o seu modelo foi copiado em São Paulo, indo muito bem", diz o diretor. "Sérgio é o mais preparado para ocupar o cargo de ministro."

    Diretor de "Nise", o carioca Roberto Berliner diz que o atual ministro é "extremamente competente". "Ele tem uma ótima capacidade de análise do setor cinematográfico. Só me preocupa como ele vai dialogar com o meio."
    O diretor Bruno Barreto vê com bons olhos a inclinação do novo ministro à área do cinema. "É bom termos alguém que sabe que esse é o setor mais pungente da cultura."

    Entre a saída da RioFilme, em 2015, e chegada à Ancine, no começo do ano, Sá Leitão montou uma produtora e tocava projetos com voltagem política. Um documentário escrutinará o 'mito de Lula' e um thriller, o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel.

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