• Ilustrada

    Wednesday, 08-May-2024 17:12:37 -03

    Dominatrix celebra em show 20 anos de punk rock feminista

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    22/07/2017 02h00

    Ana Strauss/Divulgação
    Banda de punk Dominatrix tocando na Virada Cultural de 2017
    Banda de punk Dominatrix tocando na Virada Cultural de 2017

    O punk feminista tem reunião neste sábado (22), em São Paulo, no terceiro Distúrbio Feminino Fest. Na pauta, uma data redonda para comemorar: os 20 anos de "Girl Gathering", primeiro álbum da banda Dominatrix, pioneira da cena Riot Grrrl no país.

    Distúrbio Feminino é plataforma de divulgação de produção, com blog, podcast e zines impressos, que segue a linha do "faça você mesma". O festival terá encontro sobre mídia feminista, bazares e comida. Os outros shows trazem Katze (Curitiba), Soror (Brasília) e Charlotte Matou um Cara (São Paulo).

    Esses grupos provavelmente nem existiriam sem o surgimento da paulistana Dominatrix, formada em 1995 pelas irmãs Elisa e Isabella Gargiulo. "A gente ouvia música desde pequenininhas, comprava vinil no supermercado, de banda de metal a pop rock. Mas quando uma mulher pega no instrumento existe uma resposta muito forte da sociedade, principalmente no Brasil", diz Elisa à Folha.

    Quando perceberam a rejeição em relação às mulheres no rock, passaram a colocar a temática nas letras. Aí descobriam nos tabloides estrangeiros que compravam com dinheiro da mesada a banda americana Bikini Kill, seminal na formação da cena Riot Grrrl, rótulo dado a meninas raivosas do punk.

    "Então a gente foi na Galeria do Rock e fez numa das lojas a encomenda do CD, às cegas. Aí chegou, 40 dias depois, e a gente se viu naquilo. Começamos a nos identificar como uma banda punk feminista", recorda Elisa.

    Após várias formações, a Dominatrix tem hoje, além de Elisa na guitarra e voz, a guitarrista Marina Takahashi, a baterista Nina Para e a baixista Fernanda Horvath.

    Segundo Elisa, a banda nunca conseguiu ficar muito tempo seguido tocando. Todas as integrantes têm outros trabalhos. Ela é uma ativista intensa, entre muitas coisas coordena a comunicação de uma ONG feminista. Suas companheiras estão ligadas profissionalmente à música.

    Fernanda e Nina são freelancers. "Estudei música, sou a única que se formou entre as seis baixistas na turma", diz Fernanda. Nina criou tumulto na família ao largar o trabalho de advogada. "Vivo de música desde 2007. A maioria das vezes toco em bandas de metal, com homens."

    Formada em pedagogia, Marina é professora de musicalização infantil. "Faço frilas tocando, mas preciso desse outro lado. Não só pela grana, mas pela vibe das crianças É bem louco você ver um garoto que quer tocar piano e não ser um dos Power Rangers", brinca a guitarrista.

    Elisa explica que a banda se reúne quando alguém chama. De vez em quando, organiza show com bandas amigas. Em abril, a Dominatrix tocou na Virada Cultural.

    As últimas gravações estão em um EP lançado em 2009. "Girl Gathering'' entra agora oficialmente no Spotify. "No fim do ano vamos decidir se gravaremos inéditas, mas a gente pode pelo menos relançar o 'Girl Gathering' num vinilzinho", conta Elisa.

    *

    DISTÚRBIO FEMININO FEST
    QUANDO sábado (22), a partir das 15h; Dominatrix toca às 21h
    ONDE Associação Cultural Cecília, r. Vitorino Carmilo, 449
    QUANTO R$ 20
    CLASSIFICAÇÃO livre

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024