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    'Rouanet não deve apoiar porque é pobrezinho', diz criador do Rock in Rio

    MARCO AURÉLIO CANÔNICO
    DO RIO

    22/07/2017 02h01

    Ricardo Borges/Folhapress
    O empresário Roberto Medina, criador do Rock in Rio
    O empresário Roberto Medina, criador do Rock in Rio

    Em meio à pior crise econômica e política que o Brasil já enfrentou, Roberto Medina, 69, decidiu apostar num Rock in Rio maior e num discurso convidando seu público (700 mil ingressos vendidos) a "repensar o país".

    A sétima edição nacional do festival, em setembro, ocupará um espaço com o dobro do tamanho do anterior, no Parque Olímpico da Barra -hoje uma área particular, que Medina alugou por seis anos, para montar as três próximas edições.

    "A infraestrutura é muito melhor, água, esgoto. Vai ser um ganho", diz o empresário.

    Seria possível duplicar o público na nova Cidade do Rock, mas ele quer testá-la antes de crescer ainda mais. Entre as novidades, arenas que receberão uma feira de games e um palco ("digital stage") onde os artistas serão youtubers como Whindersson Nunes e Christian Figueiredo.

    O local sediará, em outubro, um festival de música sertaneja feminina, organizado por outra empresa. Curiosamente, Medina diz que o gênero é o único que não cabe em seu eclético evento.

    O homem que já organizou uma edição "por um mundo melhor", com três minutos de silêncio pela paz, agora quer conclamar as pessoas a sair do que vê como "apatia" e fazer sua parte para vencer a crise.

    Ao longo de cenários pintados de branco, estarão manchas coloridas com palavras como "dignidade", "ética", "sonhar" e "acreditar".

    "Queremos abrir o Rock in Rio com um discurso simbólico. Sem falar de política, falaremos sobre a necessidade de repensarmos nosso país, de acreditar", diz Medina.

    Carioca e entusiasta do Rio, Medina diz que a cidade nunca esteve tão violenta -nem mesmo nos anos 1990, quando foi sequestrado. Para ele, a saída passa pelo turismo.]

    "Com uma estrutura como a gente tem no Rio hoje, a gente não estar resolvendo isso logo, me revolta. Quantas vidas a mais vamos ter de perder?"

    *

    Folha - Quão difícil foi fazer essa edição durante a crise?
    Roberto Medina - Até o último Rock in Rio, a demanda por ingressos era muito maior do que nossa possibilidade de venda. Tava na cara que o Rio iria minguar, anunciei aqui dentro da empresa há dois anos. Então apertamos a comunicação em Minas e São Paulo, que são as maiores áreas de venda de bilhete fora do Rio. No primeiro festival, o público foi quase 100% carioca, depois foi para 70%, no último foi 55% e, agora, 39%. A outra coisa, que vem de um feeling meu, foi que deveria fazer um festival maior. Esse é o elenco mais caro que já fiz para um Rock in Rio.

    Quanto custou?
    Não posso dizer. Para montar o festival foram R$ 200 milhões, uns R$ 20 milhões de aumento [em relação à última edição], porque a cidade [do rock] é muito maior e os artistas foram mais caros. O preço dos artistas aumentou no mundo inteiro, porque os eventos ao vivo viraram negócios grandes para eles. Depois, aumentei mais ainda porque não admiti ter uma atração principal que não fosse top.

    Qual artista custou mais?
    Para os principais, foi absolutamente o mesmo valor. O dia mais caro é o do Guns n' Roses com o The Who, porque eu tive de pagar dois grandes. Eu queria trazer o Guns, foi um capricho meu, eu gosto. Não me entendo com ele [Axl Rose, vocalista da banda] há muitos anos, mas continuo a gostar. A gente briga porque ele sempre chega atrasado. Não chegar por algum problema, eu entendo. Mas não chegar porque não quer sair do quarto, eu não entendo. Ele é cheio de maluquices.

    Quanto o sr. palpita na escalação dos artistas?
    Mais do que meu palpite, o que vale é pesquisa. Trabalho com pesquisa o tempo inteiro, para toda a escalação. Só o palco Sunset não tem pesquisa, é o Zé [Ricardo, curador] que comanda, o feeling dele.

    Neste ano haverá homenagem ao samba. Tem algum gênero musical que não cabe no Rock in Rio?
    O sertanejo eu acho que não tem a ver. Tem alguns mitos em relação ao festival. Um deles é que ele era de rock. Isso é uma burrice absoluta, nunca foi rock. O primeiro já tinha Elba Ramalho, Alceu Valença, jazz.

    O sr. foi acusado de ter preconceito com o funk, houve uma polêmica com a Anitta.
    Não tenho afinidade com a música dela, não achei que encaixava, mas ela está indo para um caminho pop que a aproxima mais do Rock in Rio, como a própria Ivete [Sangalo] entrou nesse caminho. Não tenho nada contra, estou conversando com ela. Almocei com ela outro dia e fiquei impressionado. Ela é uma empresária, tem uma visão de marketing.
    Estou trabalhando uma ideia de fabricar uma favela dentro do próximo festival. Colorida, mais bonita, mais romântica, para ter a música da favela, fazer uma seleção [de artistas] nelas, empolgar o pessoal de lá. Trazer os botequins também.

    O sr. acha que seu festival é acessível para os moradores de favelas?
    Primeiro, a música da favela está sendo consumida pela elite. Segundo, é claro que, para a maioria, não [é acessível]. O valor do Rock in Rio [R$ 455 por dia] e de qualquer evento de grande porte. Só que você pode pagar em oito vezes, sem juros. É mais barato que qualquer outro. Isso é um mérito da comercialização. Só é possível ser tão barato em relação ao que a gente entrega porque é um projeto que abraça a marca [os patrocinadores]. Isso é outra grande besteira que eu escuto, algumas pessoas dizem que ele é muito comercial.

    Por que essa crítica é besteira?
    Graças a Deus é muito comercial, porque isso permite que tanta gente veja um troço dessa categoria, faz o preço ser diluído. Não fosse isso, o ingresso custaria R$ 1.000. Depois, se você prestar atenção, é o festival com menos anúncio na área do palco. O palco é sagrado, até 15 metros de distância em cada lado não tem nada. Você não tem ideia do dinheiro que já me ofereceram pra colocar alguma coisa ali.

    E por que o sr. não aceita?
    Porque ali é arte, é puro. A propaganda é na cidade [do rock]. Ali é o artista, o mundo dele. É um conceito meu, acho que não deve.

    O evento se paga antes de começar?
    Sim, totalmente. A bilheteria responde por 45%, 50% [os ingressos já se esgotaram]. A edição de 2001 não se pagou antes do início, mas já foi legal. Dali em diante, todas se pagaram antes do início.

    E por que, mesmo assim, recorreu à lei de incentivo em duas edições?
    Não recorro mais porque não preciso bater boca, mas tá errado, totalmente errado [não usar o incentivo]. Com o dinheiro incentivado eu vou expandir meu projeto, vou para a Argentina, para a Rússia. Eu já teria aberto o projeto na Argentina neste ano, não fosse o problema econômico do país. Não tenho recurso para construir toda a Cidade do Rock na Argentina, então o [presidente Mauricio] Macri, que eu conheci, ia construir. Parou por causa do problema econômico, está certo. Mas, se eu tivesse capital de alguma forma para fazer a cidade, eu ia fazer, porque lá vende mais bilhete do que aqui. Teria alavancado a imagem do Brasil em outro país, ia ser um sucesso.

    O sr. não conseguiu patrocinadores lá?
    Para fazer a cidade [do rock], não. Não tinha um lugar pronto, e construir uma é muito difícil.

    Não poderia ter feito num estádio, como fez no Maracanã em 1991?
    Nunca faria isso, de jeito nenhum. Não gostei de 1991. Foi o melhor casting [elenco de artistas] e o pior projeto. O Rock in Rio não é para ficar vendo o palco. Você vê o que é hoje: o cara fica lá na roda-gigante, vai passear, é festa. Pesquisa do Ibope mostrou que 55% das pessoas vão ao festival por causa da experiência. A gente precisa de festa, isso eu tinha claro desde o primeiro Rock in Rio.

    Que diferença faria para o festival se você não tivesse usado incentivos fiscais?
    Não sei te responder. O que eu acho é o seguinte: quando começa a ter essa conversa, parece coisa de Estado velho. Nós damos espaço, emprego e divulgação para os artistas brasileiros, levamos eles para fora. Incentivar o sujeito que não tem uma receita de sucesso é jogar dinheiro fora. Não precisa ser grande, mas tem que ser sucesso. Acho ruim a lei de incentivo patrocinar porque o cara é pequenininho, porque é pobrezinho. Não, ele tem que mostrar que é competente. Não estou fazendo porque não quero discutir, mas essa política está totalmente errada.
    O que tem de perguntar, na hora de dar o incentivo, é "o que você está fazendo na área social com seu projeto?". Pode pesquisar: vai ser difícil encontrar, no mundo, um projeto que desembolsa pra valer, do dinheiro próprio. Eu plantei um milhão e meio de árvores [num projeto na Amazônia], eu abri 70 salas de aula, formei 4.000 caras. Quando eu vou falar desse assunto para a opinião pública, eu estou forçando um deputado que tem voto a ter política pública para esse assunto, eu ponho o trombone em cima disso.

    Por que a decisão de fazer a abertura do festival com tons de mobilização?
    Estamos numa época extremamente complicada e as pessoas estão apáticas. A gente está numa situação de penúria até de vozes para brigarem pelo Rio. O que eu estou tentando levar é entusiasmo e crença de que a gente pode fazer. Não vamos resolver todos os problemas, mas podemos resolver uma parte.
    Eu mesmo, fiquei esses últimos três meses direto nessa coisa de segurança, calendário turístico, porque a cidade está sem receita para sair disso daqui. Não é mais um problema político só, até porque nossas representatividades estão muito frágeis. É um problema da sociedade civil. A mim, coube um pouco de responsabilidade nisso porque é óbvio que o negócio do Rio é o entretenimento. A cidade está pronta, tem R$ 25 bilhões investidos aqui nos últimos quatro anos, o sonho do Rio era ser o que ele é hoje, em termos de infraestrutura. Não aproveitar isso é de uma incompetência impressionante, de todos nós. Agora, sem segurança, não tem como levantar esse calendário.

    Por que o sr. acha possível fazer isso agora, num momento de crise, se não se aproveitou a exposição e atração da Copa-2014 e da Rio-2016?
    O ser humano se acomoda, a população ia tocando a vida. A vida não está sendo tocada agora, estamos perdendo três, quatro pessoas mortas por dia. Na Espanha, em Portugal, quando tem crise, você deixa de ir ao restaurante, ao cinema. Aqui, as pessoas morrem. A sociedade está apavorada. Falta uma política de entretenimento. Ninguém fez a Olimpíada ou a Copa do Mundo como um projeto de entretenimento e negócios no Estado. Estamos com 8% de ocupação nos hotéis da Barra e 30% no resto da cidade. O "break even" [ponto de equilíbrio, em termos de finanças] de um hotel é 50%. Isso tudo vai ser demolido.
    No caso do Rio, como não há uma estrutura empresarial para alavancar nada na área de entretenimento e turismo, são poucas empresas, pequenas e médias, a primeira coisa necessária é explicar para a população o que o município deve fazer. Fiz um estudo com a Fundação Getúlio Vargas que mostrou que, se aumentássemos o turismo em 20%, geramos 92 mil empregos a mais e um impacto de R$ 6,5 bilhões na economia.
    Calculamos um valor de R$ 200 milhões de investimento [da prefeitura] para fazer um calendário [de eventos] e propaganda, comunicar de modo claro. Quando acabei o plano, as coisas começaram a se deteriorar mais rapidamente, então hoje você não tem como botar o plano na rua sem ter segurança, porque ninguém vem aqui.

    O sr. levantou o Rock in Rio sem dinheiro público. Por que seu plano atual depende dele?
    Porque eu não resolvo o problema do Rio sozinho. Tem de ter um programa. A economia está esfacelada, você perdeu os grandes patrocinadores, o Rock in Rio é uma exceção absoluta no Brasil. Não achava que fôssemos chegar neste ano ao nível de patrocínio que tivemos na última edição, e foi exatamente igual, R$ 106 milhões.

    Por que o sr. deixou o Conselho de Turismo do Rio, criado na gestão Crivella?
    Eu entreguei o plano [de investimento em entretenimento e turismo], está lá. Quando o Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, empresário e diretor de TV] saiu, porque ficou triste com o negócio do Carnaval [o corte do subsídio da prefeitura às escolas de samba], eu já estava com vontade de sair do dia a dia. O que eu posso fazer é torcer. Porque o Rio não merece. Me incomoda a cidade estar feia, não estar acontecendo. Me faz mal. Não desisto de lutar para fazer esse lugar ser minimamente decente para se viver.

    O sr. foi sequestrado nos anos 1990. Hoje a violência está pior?
    Com certeza. Nós estamos absolutamente abandonados. Perdemos a mais básica segurança, a de ir e vir. Nunca vi uma situação tão deprimente. A gente está num caos que, se não acordarmos... Está ruim de sair na cidade. Não tem como dar certo assim. Esse quadro não pode continuar.

    Haverá algum esquema de segurança especial para o festival?
    Temos sempre um projeto de trânsito com a Prefeitura e um protocolo de segurança com a polícia. Eu vejo pelo histórico que, em momentos de pico de violência, não acontece nada em evento nenhum. Não só no Rock in Rio, mas Réveillon, Carnaval. A mobilização é tão grande em torno do evento que não rola nada.

    Como o país e o Rio chegaram a esse estado? De quem é a culpa?
    Não temos sido muito felizes na hora de votar. Votei no Sérgio Cabral e foi uma grande decepção. Como votei no Collor, trabalhei na campanha dele e foi uma decepção. Por isso me afastei das campanhas políticas. Do ponto de vista profissional é extremamente interessante, mas você coloca sua alma numa crença e, se aquilo não acontece, é um desastre pessoal. Nunca mais faria.

    Sua empresa está disputando a conta de publicidade da Presidência. Não teme se envolver com um governo investigado?
    Em qualquer profissão é possível trabalhar com o poder público de forma correta. Mas o país chegou a um ponto insustentável. Tomara que essa coisa que tá acontecendo possa mudar, mas não tenho certeza. E o mais angustiante é que eu acho que ninguém tem certeza que isso tudo que estamos sofrendo possa mudar o futuro.

    Qual a responsabilidade do empresariado nacional na corrupção?
    Tenho posições muito radicais sobre isso que prefiro não externar. Acho que estamos vivendo um momento extremamente ruim, e o Rock in Rio tem uma responsabilidade nessa área, nossa história é uma de crença. A emoção está aflorada, e a gente pode usar a emoção para falar de uma coisa boa, falar de futuro, de acreditar. O entusiasmo transforma as coisas. As pessoas deixaram de acreditar. Estamos precisando estimular essas empresas novas que estão batendo cabeça.

    Já cogitou entrar para a política?
    Nunca. Vou te contar uma coisa perversa da política: se você for mau caráter e eu, não, você vai me ganhar num debate, porque vai mentir. É difícil para um cara de bem, que não tem essa coluna vertebral que o político tem. É um outro tipo de bicho.

    É uma visão desesperançosa. Como esperar políticos decentes, se a lógica é essa?
    Acho que estamos nesse caminho, estranhamente. Repara só o que está acontecendo: há um processo complexo em que estamos discutindo a fundo a questão da seriedade [dos políticos]. Depois, vamos ter uma próxima campanha presidencial sem dinheiro, mais igualitária. Digo a você o seguinte: qualquer cara pode ser eleito.

    Para quem vai seu voto?
    [João] Doria. É um empresário bem-sucedido, não precisa disso [da política como sustento], já disse que não buscará reeleição. Conheço ele desde quando comecei na propaganda. Ele espelha um pouco essa oportunidade que estamos tendo, onde qualquer um pode ser presidente. Outro dia estava falando com o Carlos Augusto Montenegro [presidente do Ibope] e ele dizia isso, qualquer pessoa tem cacife hoje para chegar. Estamos num momento em que temos de torcer para dar certo. Se vai, não sabemos. Eu acho que sim.

    O sr. tem acompanhado a administração dele em São Paulo?
    Não. Mas vejo todos os posts dele [em redes sociais].

    E vai votar nele para presidente baseado em quê?
    Acredito, nesse momento, que ele é o cara. A eleição está caminhando para ele, está vestindo ele. Vamos ter um ano aí para ver. E tem o seguinte: a gente vai votar em quem? Quem são os outros caras que vão surgir? Eu não sei. Poucos nomes estão sendo conversados.

    O ex-ministro Joaquim Barbosa seria um bom candidato?
    Seria um tremendo candidato, pela questão ética. O que tem de se pensar é o seguinte: será que esse cara administra? Não basta ser ético. A Marina [Silva] também é, mas tem de provar que é competente e tem ideias importantes para implementar no Brasil.

    O sr. acha que o Lula disputará a próxima eleição?
    Acho que não, viu. Acho que ele não disputa por todos os problemas jurídicos que tem. E, se disputar, perde. Vai para o segundo turno com certeza, mas tem um nível de rejeição que acho que não será presidente.

    Eduardo Paes é seu candidato ao governo do Estado do Rio?
    Não sei. Ele fez uma administração muito competente, votei nele para prefeito, mas ele escolheu muito mal [o candidato a sucessor, Pedro Paulo].

    O sr. votou no Crivella?
    Votei. Ali era complicado, o [Marcelo] Freixo [que disputou o segundo turno] tinha uma visão de Estado, Estado, Estado e eu penso exatamente o contrário: o Estado tem que cuidar da educação, saúde e segurança e deixar o resto para a iniciativa privada e mercado, que é mais competente.

    A última crise econômica dos Estados Unidos mostrou os perigos da falta de regulação do Estado.
    É verdade, mas eles construíram uma grande nação com a iniciativa privada. Nenhum projeto é único e inabalável. Acho que saúde, educação e segurança são deveres do Estado. Agora, se pudéssemos privatizar todo o resto, seríamos outro país. Sabe qual foi a minha relação com o Estado americano quando fiz o Rock in Rio lá [em Las Vegas, 2015]? Nenhuma. Aqui é uma confusão, é tanta lei que você pira. Quando entrei na publicidade, minha agência tinha, de cem pessoas, três na contabilidade e administração. Hoje são 90, porque é tanta encrenca que arrumaram que você não consegue fazer a essência, que é criar.

    O que o sr. acha do governo Temer?
    Não sei. Não quero dar opinião sobre isso. Estou pedindo ajuda para o Rio [na questão da segurança], não posso criar incompatibilidade com ninguém. Acho que ele deveria ter assumido, como assumiu [a presidência, substituindo Dilma Rousseff], mas o governo de hoje poderia estar numa situação bem melhor. Aconteceram fatos importantes, que eu não vou comentar, e de novo estamos com um problema grava na nação, e temos ainda um ano e meio para uma eleição direta. Acho que vamos sair melhores disso, mas estamos vivendo um momento complexo. O que acontece é o seguinte: a gente tem que cobrar esses caras [governo federal], que têm que salvar as pessoas daqui [Rio]. A imprensa tem culpa também, tem que cobrar, não só noticiar as mortes. Eu estou empurrando como posso. A responsabilidade é de quem? Ah, quebrou o Estado. Dane-se. E vocês, do governo federal? Têm de fazer alguma coisa.

    Considera um erro sua parceria com Eike Batista [que comprou 50% do Rock in Rio e depois vendeu]?
    Não. Acho que foi uma infelicidade. Erro, não. Ele ganhou dinheiro, eu perdi muito tempo. Tive uma identidade com ele quando o conheci, porque ele falava do Rio loucamente, me apaixonei pelo cara. Aí teve aquele problema [Eike se desfez de vários negócios para pagar dívidas, após a derrocada da petroleira OGX], eu comprei 30% da parte dele, ele vendeu o resto para um fundo árabe. Nesse momento em que eu comprei as ações dele, fiz uma proposta na qual ele ganhou 60% a mais do que havia investido. Eu fiquei feliz porque ele ganhou isso, na verdade queria comprar tudo, não só os 30%. Tive pouco convívio com ele, mas todo convívio que tive foi absolutamente positivo.

    ROCK IN NÚMEROS

    Orçamento R$ 200 milhões

    Patrocínios R$ 106 milhões

    Público 100 mil pessoas por dia/700 mil total (ingressos esgotados)

    Quatro palcos principais + duas arenas

    Destaques Lady Gaga (15/9), Maroon 5 (16/9), Justin Timberlake (17/9), Aerosmith (21/9), Bon Jovi (22/9), Guns n' Roses e The Who (23/9), Red Hot Chili Peppers (24/9)

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