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    ANÁLISE

    Magnífico, 'Dunkirk' tem o devido respeito pela história

    RICARDO BONALUME NETO
    COLABORAÇÃO PARA FOLHA

    25/07/2017 02h00

    O primeiro-ministro britânico em 1940 estava certo: "Guerras não são ganhas com evacuações", disse Winston Churchill. Mas se não fosse a retirada de boa parte da Força Expedicionária Britânica da cidade de Dunquerque, norte da França, o Reino Unido teria perdido a guerra contra a Alemanha nazista.

    Não haveria um "cadre" de tropas regulares para proteger o país e formar novos soldados. E o mundo também perderia. A civilização ocidental teria perecido nas mãos de bárbaros modernos equipados com tanques e bombardeiros liderados por Adolf Hitler, líder supremo do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.

    O filme "Dunkirk" mostra como isso quase aconteceu. É uma obra magnífica, e com o devido respeito pela história. A primeira frase que se ouve é "cadê a Força Aérea?"

    Os soldados britânicos estavam espremidos na praia, esperando pela evacuação. Os bombardeiros de mergulho Junkers-87 Stuka jogavam bombas a granel. Bombardeiros médios Heinkel-111 atacavam os navios tentando evacuar as tropas.

    "Cadê a Força Aérea?"

    Estava lá, mas as tropas na praia não conseguiam ver. Os combates eram em altitudes ou distâncias longe da vista. Parecia que a RAF (Royal Air Force) tinha esquecido de fazer seu trabalho. Esse é um dos resgates históricos mais bem-vindos do filme. Para muitos soldados, os caças Hurricanes e Spitfires não estavam lá, mas estavam. E como.

    O melhor livro até agora sobre a retirada de Dunquerque é o do historiador Hugh Sebag-Montefiori –"Dunkirk - Fight to the Last Man" ("luta até o último homem").

    Ele conta que a RAF "perdeu 931 aviões, incluindo 477 caças", sobre a França e a Bélgica. E a Marinha Real (RN, Royal Navy) teve 25 destróieres perdidos ou danificados em Dunquerque. Foram perdidos ou danificados cerca de 170 navios de tamanhos variados na evacuação.

    Alguns personagens têm base em pessoais reais, como o ator Kenneth Branagh no papel de Bolton, que cuidou da evacuação no píer, baseado no comandante James Campbell Clouston. Morreram cerca de 11 mil soldados britânicos e 90 mil franceses nas campanhas de 1940.

    Este filme é uma bela homenagem, respeitando a história, a todos eles.

    E, a leitura no final, de um dos mais brilhantes discursos de Churchill –"nós jamais nos renderemos"– é uma maneira espetacular de terminar um filme idem.

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