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    CRÍTICA

    Irresistível, 'Em Ritmo de Fuga' acelera na direção de virar cult

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    27/07/2017 01h00

    EM RITMO DE FUGA (muito bom)
    (Baby Driver)
    DIREÇÃO Edgar Wright
    ELENCO Ansel Elgort, Jon Bernthal, Jon Hamm
    PRODUÇÃO EUA, 2017, 14 anos
    Veja salas e horários de exibição

    *

    "Em Ritmo de Fuga" tem tudo para se transformar em um filme cult. Do tipo que daqui a uma ou duas décadas terá seguidores ardorosos, como "O Grande Lebowski". Provavelmente seus fãs vão chamá-lo sempre de "Baby Driver", o título original bem mais charmoso do que a estúpida versão brasileira. Dessa forma, por que não padronizar isso desde agora?

    "Baby Driver" é aventura de ritmo acelerado. Nas espetaculares cenas de perseguições de carros. Na trilha sonora recheada de boas canções de rock, blues e soul de décadas variadas. No roteiro urgente, enxuto, que parece nunca ter tempo a perder.

    Baby é o nome do protagonista, um jovem que dirige carros em assaltos a bancos. Teve um acidente quando garoto, que o deixou com um zumbido permanente no ouvido. Para aliviar esse incômodo, ele passa praticamente o dia inteiro escutando música alta no headphone.

    Em poucas cenas já fica claro que Baby é singular. Além do invejável talento de dirigir um carro, tem memória prodigiosa e capacidade de atenção irreal. Mesmo com a música pesada bombardeando seus ouvidos, assimila tudo que é dito a seu redor.

    Ansel Ergot, ator de nome nada pop que apareceu como coadjuvante na saga distópica adolescente "Divergente", dá um ar infantil a Baby que convence rapidamente a plateia de que ele é um bom rapaz e não deveria estar fazendo parte de uma quadrilha de assaltantes. A não ser que fosse obrigado a tal coisa.

    Assim, fica fácil torcer para o personagem. Ele está nessa para pagar uma dívida com Doc, chefão por trás dos roubos interpretado por um contido Kevin Spacey. O líder pretende ficar com a parte de Baby nos assaltos até que a dívida seja quitada. E Doc sabe como o garoto é bom. A cada golpe, tem a prática de trocar todos os integrantes da gangue, exceto Baby ao volante.

    Definida a linha condutora, que é acompanhar Baby em assaltos cada vez mais arriscados, o filme derrapa ao exagerar nas tintas para mostrar como Baby é "do bem".

    Órfão, gentil, educado, ele cuida de um colega de apartamento que não poderia ser mais esquemático: Joseph (CJ Jones), um idoso negro surdo-mudo numa cadeira de rodas. Como namorada de Baby, surge a garota mais meiga, fofa e perfeita, a garçonete Debora (Lily James, de "Downton Abbey").

    Um dos achados do diretor e roteirista inglês Edgar Wright, dos ótimos "Todo Mundo Quase Morto" (2004) e "Homem-Formiga" (2015), é conduzir a trama para o incontrolável. A barra fica mais pesada a cada ação, como se aos poucos Wright fosse possuído por Quentin Tarantino.

    Ajudam muito nesse desenrolar bons personagens na turma de assaltantes, na pele de atores carismáticos como Jamie Foxx e Jon Hamm. O primeiro é impulsivo, falastrão e desbocado. O segundo faz um personagem assassino que dá espaço para um pouco do charme habitual do astro da série "Mad Men".

    "Baby" não é irretocável porque acaba cedendo bastante ao que o público quer ver, é um tanto maniqueísta e previsível. O que não impede o filme de ser uma pérola pop na temporada. Uma diversão excitante e irresistível.

    Assista ao trailer de 'Em Ritmo de Fuga'

    Assista ao trailer de 'Em Ritmo de Fuga'

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