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    Crítica

    Em álbum dançante, Arcade Fire retrata era dos excessos

    MARCO AURÉLIO CANÔNICO
    DO RIO

    29/07/2017 02h03

    EVERYTHING NOW (bom)
    GRAVADORA: Sony

    *

    Quando lançaram, no fim de junho, a dançante "Signs of Life", os canadenses do Arcade Fire a apresentaram com um texto irônico, que pode ser traduzido assim: "A canção é sobre a futilidade de procurar sentido num mundo sem sentido ou uma celebração de uma noitada matadora num clube".

    Essa definição sardônica se aplica perfeitamente a "Everything Now", quinto álbum do sexteto, lançado nesta sexta (28).

    Guy Aroch/Divulgação
    A banda canadense Arcade Fire, que lança 'Everything Now
    A banda canadense Arcade Fire, que lança 'Everything Now'

    Seguindo na trilha iniciada em seu trabalho anterior ("Reflektor", 2013), a banda se mostra ainda mais dançante e eletrônica –não por acaso, entre os produtores do novo disco está Thomas Bangalter, metade do Daft Punk.

    A animação de boa parte das melodias, no entanto, é base para letras que continuam tratando de questões pesadas, características da obra do Arcade: amor, morte, Deus, família, vida na sociedade capitalista moderna.

    Após uma breve introdução –que se liga à última canção do disco, criando uma espécie de "loop"–, o álbum já abre com o que tem de melhor, sua ótima faixa-título.

    Alegre, grandiosa e contagiante, "Everything Now" é das melhores canções dos canadenses em anos, e promete tornar-se um ponto alto dos shows, com sua mistura de coral, piano, flauta e baixo.

    "Signs of Life" entra na sequência e, com sua linha de baixo e palminhas, mantém o alto astral. A partir de "Creature Comfort", marcada pelo sintetizador de Geoff Barrow (do Portishead), o ritmo começa a se alterar, e a qualidade oscila com ele.

    Insuspeitas influências jamaicanas aparecem na dobradinha "Peter Pan" e "Chemistry", com mais sucesso na segunda. Há canções que parecem mais exercícios do que ideias bem acabadas, como "Infinite Content", que aparece em duas versões curtas, a primeira punk, a segunda uma balada country.

    Se não chega a ser um disco brilhante, "Everything Now" é, em seus melhores momentos, um animado registro das angústias e alegrias da geração "tudo ao mesmo tempo agora".

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