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    Cleide Queiroz mescla histórias da mãe e de Stela do Patrocínio em espetáculo

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    04/08/2017 02h10

    João Caldas/Divulgação
    Cleide Queiroz interpreta Stela do patrocínio na peça "Palavra de Stela"
    Cleide Queiroz interpreta Stela do patrocínio na peça "Palavra de Stela"

    Cleide Queiroz diz que hesitou um pouco quando o diretor Elias Andreato a chamou para viver no palco Stela do Patrocínio (1941-1992).

    A história da poeta, diagnosticada com esquizofrenia e isolada por 30 anos na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, lembrava muito a da mãe da atriz, que também foi acometida pela doença.

    O temor transformou-se em expurgo e homenagem, que a atriz apresenta em "Palavra de Stela", espetáculo que estreia nesta sexta-feira (4) no Top Teatro, em São Paulo, e com o qual Cleide celebra 50 anos de carreira.

    Andreato, que assina a dramaturgia da peça, se baseou nas gravações que a artista plástica Nelly Gutmacher e sua estagiária Carla Gaguilard fizeram dos ditos de Stela nos anos 1980. O áudio depois foi transcrito por Mo?nica Ribeiro e publicado em livro.

    Mas o diretor acrescentou ao texto entrevistas que fez com a própria Cleide sobre sua relação com a mãe. "Queria que fosse também a história dela", explica Andreato.

    MEMÓRIA

    Para compor essa personagem, a atriz diz ter buscado na memória os trejeitos e a fala da mãe. "Quando tinha 16 anos, eu cuidava dela. Procurei lembrar das coisas, minha mãe falava o dia inteiro. Da postura, dos delírios, das alucinações, eu presenciei isso, então eu coloquei na peça. Fica como uma homenagem à minha mãe e à Stela."

    Em cena, Cleide às vezes fala das angústias ou das alegrias –quando também se rende ao canto. Noutras cenas relembra momentos tristes e violentos da trajetória, como casos de abuso.

    "Ela era uma mulher ora pesada, ora leve. Uma hora faz voz gutural, noutra uma voz tranquila", conta a atriz.

    O cenário, composto de uma cadeira e alguns poucos elementos (como um gravador, referência aos áudios de Stela), é coberto de papel, uma representação "dessa mulher que ficou fechada por muito tempo", diz o diretor.

    *

    PALAVRA DE STELA
    QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h; até 27/8
    ONDE Top Teatro, r. Rui Barbosa, 201, tel (11) 2309-4102
    QUANTO R$ 40
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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