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    Crítica

    Grupo Corpo apresenta força inédita no espetáculo 'Gira'

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    04/08/2017 02h00

    GIRA (ótimo)
    QUANDO qua. e qui., às 21h; sex., às 21h30; sáb., às 20h, dom., às 18h; até 13/8
    ONDE Teatro Alfa, r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. (11) 5693-4000
    QUANTO R$ 50 a R$ 160
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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    Para Johann Sebastian Bach, a música servia para apaziguar a alma e elevar o espírito. "Bach", de 1996, é a coreografia que abre o espetáculo do Grupo Corpo para uma plateia um tanto ansiosa para ver "baixar" o espírito em "Gira", nova criação de Rodrigo Pederneiras.

    Já se sabia que a estreia era a primeira incursão do onipresente coreógrafo nos terreiros das tradições afro-brasileiras.

    A proposta, sugerida pela banda Metá Metá, poderia ser arriscada para um grupo que conseguiu, em 42 anos, construir um projeto para uma dança contemporânea brasileira sem cair na folclorização fácil, muito menos no mimetismo das ricas manifestações corporais do país.

    Gira

    Depurar e transcender danças rituais sem perder a força do que está na própria origem do dança humana é entrar em uma zona delicada. E foi uma delicadeza o grupo entrar neste terreiro com a sutileza de figurino, cenário e luzes mínimos.

    Vestidos apenas com saias brancas, os bailarinos foram tomando o palco com uma mistura de movimentos que já são a marca registrada do Corpo e novas e bem-vindas formas de "quebrar" o quadril (quase um clichê da companhia) ou torcer o tronco.

    E surgem os novos desenhos de braços, a conquista de diferentes planos no espaço com os bailarinos se deslocando de cócoras ou no transe dos giros, a potência da companhia presente em cena durante todo o espetáculo, que parece passar rápido.

    Isso porque a delicadeza do cenário, feito basicamente de pontos de luz que circundam o palco como velas, é sobreposta por uma força inédita: "Gira" é uma dança o tempo todo em tensão, para público e bailarinos, mesmo quando estes "congelam" em poses estáticas ou nos famosos pas-de-deux de Pederneiras, nesta obra quase violentos.

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