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    crítica

    Gil, Gal e Nando agradam muito e fazem tributo a Luiz Melodia

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    05/08/2017 14h14

    Ale Frata/Codigo19/Folhapress
    Nando Reis, Gal Costa e Gilberto Gil durante o show Trinca de Ases, no Citibank Hall, em São Paulo
    Nando Reis, Gal Costa e Gilberto Gil durante o show Trinca de Ases, no Citibank Hall, em São Paulo

    TRINCA DE ASES
    QUANDO sábado. (5), às 22h
    ONDE Citibank Hall, av. das Nações Unidas, 17.955, tel. (11) 4003-5588
    QUANTO de R$ 120 a R$ 400 no ticketsforfun.com.br; 15 anos
    AVALIAÇÃO ótimo ★★★★★

    Funcionou. Quem imaginava que o encontro de Gal Costa, Gilberto Gil e Nando Reis pudesse se render à fórmula fácil de mostrar os três se alternando no palco com seus hits, que não são poucos, teve uma surpresa.

    Em um show de uma hora e 50 minutos na noite de sexta (4), no paulistano Citibank Hall, o trio se apresentou com espírito de banda. Os três ficaram o tempo todo em cena, exceto a saída de Nando durante uma música, "Meu Amigo, Meu Herói". Esta Gal cantou apenas com o acompanhamento de Gil no violão.

    Uma das surpresas mais agradáveis foi justamente Gil tocando guitarra a maior parte do tempo. Fez poses de "guitar hero" e parecia bem alegre durante todo o show.

    Quando alguém da plateia gritou "Quebra tudo!", Gil disse que iria então quebrar sua guitarra. "Alguém tem que fazer o roqueiro aqui", falou, sorrindo provocador para Nando. E Gal emendou: "Mas nós somos roqueiros.
    Tropicalistas roqueiros". "Você mais do que eu", disse Gil. "Que nada! Eu aprendi com você", respondeu a cantora.

    O clima de camaradagem era explícito e segurou bem o início do show. Na estreia nacional do projeto Trinca de Ases, Gal parecia um pouco nervosa, o rosto não exibia o costumeiro sorriso aberto.

    Depois de uns 15 minutos, "Baby" se prestou como divisor de águas no show. Com uma de suas gravações mais conhecidas, Gal se soltou e a vibração no palco disparou.

    Antes, na abertura, com "Trinca de Ases", que Gil escreveu para descrever esse encontro musical, o trio já fez uma espécie de declaração de intenções, para afirmar a identidade própria da reunião, com os vocais divididos numa canção inédita.

    As escolhas de repertório não foram óbvias. Como o belo momento de Gal em "Dois Rios", canção de Nando com Samuel Rosa e Lô Borges, muito mais conhecida na versão gravada pelo Skank.

    Gil surpreendeu também com "Luar (A Gente precisa Ver o Luar)", uma música que há tempos ele deixou de contemplar em seus shows.

    Talvez para valorizar ainda mais o talento do trio, o show teve cenografia despojada e contou com apenas mais dois instrumentistas: os jovens Magno Brito (baixo) e Kainan do Jêjê (percussão).

    Nando Reis provou que é um dos poucos nomes de gerações musicais posteriores a Gil e Gal com um cancioneiro forte o bastante para se nivelar aos outros dois.

    Suas músicas "O Segundo Sol" e "Água Viva" tiveram a mesma recepção calorosa de clássicos da MPB como "Esotérico" e "Barato Total".

    Foi forte a resposta a outra inédita, "Tocarte", parceria de Gil e Nando que, na introdução, lembra "Freedom", hit de George Michael.

    Mas nada foi mais emocionante do que o grupo apresentar, incluída na última hora, "Pérola Negra", obra de Luiz Melodia, morto na madrugada da mesma sexta.

    Gal, que gravou a música em 1971, chegou a ficar com a voz embargada. Uma justa celebração numa grande noite para a MPB.

    O segundo show do projeto Trinca de Ases é no sábado (5). Depois, o trio visitará outras capitais.

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