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Ilustrada
Wednesday, 15-Jan-2025 10:57:01 -03CRÍTICA
Filme inquietante retrata fuga de crianças judias na 2ª Guerra
MARINA GALEANO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA10/08/2017 01h00
A VIAGEM DE FANNY (bom)
(Le Voyage de Fanny)
DIREÇÃO Lola Doillon
ELENCO Léonie Souchaud, Fantine Harduin, Juliane Lepoureau
PRODUÇÃO França/Bélgica, 12 anos
Veja salas e horários de exibição*
O olhar amedrontado da pequena Fanny (Leónie Souchaud) denuncia o tamanho de sua responsabilidade. Aos 12 anos, a menina judia se vê diante da missão de salvar um grupo de crianças dos alemães que ocupavam a França na Segunda Guerra.
Envolvido em tensão permanente, "A Viagem de Fanny" é uma cruzada pela sobrevivência que ganha contornos ainda mais angustiantes por se basear numa história real.
Muitos franceses confiaram os filhos a pessoas e instituições que se dispunham a protegê-los durante a guerra. Assim acontece com Fanny e suas duas irmãs menores.
Deixadas em uma espécie de internato após a prisão do pai, as meninas levam a vida sem sobressaltos até a iminente invasão alemã ao local.
Por forças das circunstâncias, Fanny – em grande atuação de Souchaud– é obrigada a conduzir um grupo de crianças rumo à segurança da fronteira com a Suíça.
A árdua saga dos pequenos inclui fugas de trem e caminhão, fome, lágrimas, cansaço e, principalmente, um medo que transborda da tela.
Ainda assim, há espaço para ternura e certa licença poética trazida pela percepção infantil sobre o período. Nisso o longa não é inovador.
Porém, ao contrário de outras produções que trazem um recorte da Segunda Guerra a partir do olhar das crianças, esta escolhe um viés sutil, sustentado por detalhes.
O horror fica nas entrelinhas, nas frases não ditas, nos desfechos não revelados, no perigo incessante; faz uma ponte com a bagagem do público sobre o tema.
A fotografia segue o mesmo tom, ao privilegiar as belas paisagens de florestas e montanhas, servindo de contraponto ao clima sombrio da França naquela época.
Nem por isso "A Viagem de Fanny" abre mão de registros históricos ou de críticas escancaradas, como ao colaboracionismo francês.
À sua sensível maneira, constrói um retrato convincente, duro e inquietante sobre o drama daquelas e de tantas outras crianças judias no contexto da Segunda Guerra.
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