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    CRÍTICA

    Filme inquietante retrata fuga de crianças judias na 2ª Guerra

    MARINA GALEANO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    10/08/2017 01h00

    A VIAGEM DE FANNY (bom)
    (Le Voyage de Fanny)
    DIREÇÃO Lola Doillon
    ELENCO Léonie Souchaud, Fantine Harduin, Juliane Lepoureau
    PRODUÇÃO França/Bélgica, 12 anos
    Veja salas e horários de exibição

    *

    O olhar amedrontado da pequena Fanny (Leónie Souchaud) denuncia o tamanho de sua responsabilidade. Aos 12 anos, a menina judia se vê diante da missão de salvar um grupo de crianças dos alemães que ocupavam a França na Segunda Guerra.

    Envolvido em tensão permanente, "A Viagem de Fanny" é uma cruzada pela sobrevivência que ganha contornos ainda mais angustiantes por se basear numa história real.

    Muitos franceses confiaram os filhos a pessoas e instituições que se dispunham a protegê-los durante a guerra. Assim acontece com Fanny e suas duas irmãs menores.

    Deixadas em uma espécie de internato após a prisão do pai, as meninas levam a vida sem sobressaltos até a iminente invasão alemã ao local.

    Por forças das circunstâncias, Fanny – em grande atuação de Souchaud– é obrigada a conduzir um grupo de crianças rumo à segurança da fronteira com a Suíça.

    A árdua saga dos pequenos inclui fugas de trem e caminhão, fome, lágrimas, cansaço e, principalmente, um medo que transborda da tela.

    Ainda assim, há espaço para ternura e certa licença poética trazida pela percepção infantil sobre o período. Nisso o longa não é inovador.

    Porém, ao contrário de outras produções que trazem um recorte da Segunda Guerra a partir do olhar das crianças, esta escolhe um viés sutil, sustentado por detalhes.

    O horror fica nas entrelinhas, nas frases não ditas, nos desfechos não revelados, no perigo incessante; faz uma ponte com a bagagem do público sobre o tema.

    A fotografia segue o mesmo tom, ao privilegiar as belas paisagens de florestas e montanhas, servindo de contraponto ao clima sombrio da França naquela época.

    Nem por isso "A Viagem de Fanny" abre mão de registros históricos ou de críticas escancaradas, como ao colaboracionismo francês.

    À sua sensível maneira, constrói um retrato convincente, duro e inquietante sobre o drama daquelas e de tantas outras crianças judias no contexto da Segunda Guerra.

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