A partir do ponto de vista de ser mulher no mundo, grandes escritoras brasileiras e estrangeiras refletem os desafios e transformações da sociedade através dos tempos em 30 obras clássicas selecionadas pela Coleção Folha Mulheres na Literatura. A série chega às bancas no domingo (20) com dois volumes: "Poemas Escolhidos", da americana Emily Dickinson, e "Perto do Coração Selvagem", da brasileira Clarice Lispector.

Contemplando o mundo de lugares e épocas distintas, ambas representam diferentes registros do melhor da literatura mundial em poesia e prosa, respectivamente.

Os mais de 1.700 poemas de Emily Dickinson só vieram a ser conhecidos publicamente após a sua morte, no século 19, porque a autora viveu metade da vida em reclusão autoimposta. "Desde então, sucessivas edições de sua obra fizeram com que ela atingisse o epicentro da poesia norte-americana, ao lado de Walt Whitman", diz Manuel da Costa Pinto, crítico literário, colunista da Folha e curador da coleção.

Já Clarice Lispector se tornou um dos maiores nomes da literatura brasileira ao inaugurar no país a prosa de sondagem interior em meados do século passado. No entanto, só entrou para o cânone da literatura mundial na última década, após ter a sua biografia publicada pelo americano Benjamin Moser, em 2009.

A narrativa da autora, caracterizada pelo uso do fluxo de consciência, segue uma das grandes tendências da ficção do século 20. "O desvelamento introspectivo, que dá início à literatura moderna, foi refinado com James Joyce e Virginia Woolf, abrindo o veio da técnica de fluxo de consciência, a ser trilhado depois pela Clarice Lispector", diz Costa Pinto.

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	Livros de Clarice Lispector e Emily Dickinson da Coleção Folha Mulheres na Literatura