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    CRÍTICA

    'O Castelo de Vidro' dá cor a biografia conturbada de jornalista

    MARINA GALEANO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/08/2017 01h00

    Jake Giles Netter/Divulgação
    Naomi Watts, Woody Harrelson (com Chandler Head nos ombros), Iain Armitage e Olivia Kate Rice em 'O Castelo de Vidro
    Naomi Watts, Woody Harrelson (com Chandler Head nos ombros), Iain Armitage e Olivia Kate Rice em 'O Castelo de Vidro'

    O CASTELO DE VIDRO (bom)
    (The Glass Castle)
    DIREÇÃO Destin Daniel Cretton
    PRODUÇÃO EUA, 2017, 14 anos
    ELENCO Brie Larson, Woody Harrelson, Naomi Watts
    Veja salas e horários de exibição

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    As memórias de infância de Jeannette Walls são tão inacreditáveis que viraram um best-seller. No livro publicado em 2005 e traduzido para mais de 30 idiomas, a jornalista americana fala do passado caótico de sua família.

    Coisa de filme mesmo. Não por acaso, o sucesso "O Castelo de Vidro" migrou das prateleiras para o cinema, numa adaptação envolvente dirigida por Destin Daniel Cretton.

    Difícil adivinhar o que os brincos de pérolas, as roupas caras e o penteado impecável de Jeannette (Brie Larson) escondem: uma história de sobrevivência em meio ao estilo de vida errante, negligente e disfuncional de seus pais.

    A primeira pista se revela quando a colunista de fofocas os reencontra revirando lixo pelas ruas de Nova York. Apesar do choque, ela ignora a situação enquanto luta para acomodar dentro de si suas conturbadas lembranças.

    Desse ponto em diante, passado e presente se misturam e se explicam a partir de uma estrutura muito bem amarrada por flashbacks. As transições temporais entre os anos 1960/70 e final da década de 1980 são feitas com naturalidade, o que torna a narrativa fluida e cadenciada.

    Soco após soco (alguns literais), o público é apresentado à avalanche de dramas dos Walls –a maioria resultante das escolhas questionáveis de Rex (Woody Harrelson) e Rose Mary (Naomi Watts).

    Adepto de um modo particular e utópico de entender o mundo, o casal se esforça para eliminar qualquer vestígio de uma vida convencional.

    Assim, os dias tortuosos de Jeannette e dos três irmãos incluem mudanças constantes de endereço, privação, conflitos, uma mãe relapsa, além de um pai alcoólatra incapaz de lidar com os próprios demônios. O caos interior de Rex transborda em toda a família.

    O Castelo de Vidro
    Jeannette Walls
    l
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    Permeado por cenas indigestas, o longa provoca uma sensação constante de desconforto que é amplificada pelas atuações potentes de Harrelson e Larson –vencedora do Oscar por "O Quarto de Jack" (2016). Seus respectivos personagens são cheios de profundidade e contradição.

    Ainda que se renda a clichês contornáveis e se valha de estratégias manjadas para arrancar algumas lágrimas do espectador, "O Castelo de Vidro" propõe um jogo interessante de perspectiva, de recusa e aceitação. No limite do melodrama, cumpre a tarefa de dar forma, som e cor às memórias inacreditáveis de Jeannette Walls.

    Assista ao trailer

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