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    CRÍTICA

    Diretor israelense usa humor para superar a dor da perda em 'Shivá'

    ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    24/08/2017 01h00

    Divulgação
    Shai Avivi e Tomer Kapon em cena de 'Shivá - Uma Semana e Um Dia
    Shai Avivi e Tomer Kapon em cena de 'Shivá - Uma Semana e Um Dia'

    SHIVÁ - UMA SEMANA E UM DIA (bom)
    (Shavua ve Yom)
    DIREÇÃO Asaph Polonsky
    ELENCO Shai Avivi, Evgenia Dodina, Tomer Kapon
    PRODUÇÃO Israel, 2016, 16 anos
    Veja salas e horários de exibição

    *

    Na tradição judaica, o luto dura sete dias a partir do enterro e os enlutados passam esse período recolhidos em casa, recebendo visitas de parentes e amigos. Depois desse tempo, a vida retoma seu curso. Em seu primeiro longa, Asaph Polonsky, israelense criado nos Estados Unidos, aborda as reações diante da morte usando experiências que ele mesmo viveu.

    Um casal de cinquentões acaba de perder o filho de 25 anos, vítima de câncer, e precisa superar o baque e reaprender a viver. Longe de qualquer comiseração, Polonsky adota o registro do humor burlesco, algo aparentemente incompatível com uma tragédia como essa.

    Vicky (Evgenia Dodina) e Eyal (Shai Avivi) formam o casal, que lida com a perda de maneira muito diferente. O fato de Dodina ser uma atriz de teatro com sólida trajetória e Avivi um ator de stand-up comedy confere ricos matizes ao contraste entre os personagens.

    Ela logo enche a geladeira, procura voltar a trabalhar, marca hora no dentista. Ele afunda na depressão e na rabugice, não retoma o trabalho, sai pela tangente. Em busca de alívio, começa a fumar o resto da maconha medicinal do filho que morreu. Neófito, não consegue enrolar um baseado. As tentativas que faz, uma mais desastrada do que a outra, são responsáveis por alguns momentos engraçados.

    Para sair do impasse, Eyal chama Zooler (Tomer Kapon) –vizinho que trabalha como entregador de sushis, um rapaz imaturo–, amigo de infância do filho. Os dois passam a conviver intensamente, fumando durante horas e horas. Eyal parece regredir à adolescência, entregando-se ao lúdico, ao descompromisso, sob o olhar atônito, mas finalmente complacente, de Vicky.

    As situações que Eyal vive ao lado de Zooler são às vezes cômicas, às vezes comoventes –como quando brincam de fazer uma operação em uma mulher com câncer instados pela filha desta.

    Apesar da irregularidade das cenas de cumplicidade entre a dupla –algumas insistem na infantilidade ou são demasiado longas– e de Polonsky não trabalhar melhor a relação entre Vicky e Eyal, que poderia render mais, por meio do humor, mesmo que tingido de melancolia, o diretor e roteirista remove a aura de gravidade que pesa sobre o luto. O que não é pouco.

    Assista ao trailer de 'Shivá - Uma Semana e Um Dia'

    Assista ao trailer de 'Shivá - Uma Semana e Um Dia'

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