• Ilustrada

    Monday, 06-May-2024 13:11:07 -03

    Banda As Bahias e a Cozinha Mineira volta com disco mais dançante

    VICTORIA AZEVEDO
    DE SÃO PAULO

    25/08/2017 02h00

    "Olá, boa noite. Estamos ao vivo no programa da Assucena", diz Assucena Assucena, 29, enquanto olha para o seu celular. Entre uma cantarolada e outra e antes de começar um ensaio com sua banda, As Bahias e a Cozinha Mineira, a cantora fez um vídeo ao vivo em uma rede social para interagir com o público.

    É uma noite fria de segunda-feira no estúdio Loop, em Pinheiros. Por lá, já passaram Metá Metá, Fabiana Cozza, Criolo e Emicida, entre outros. Ao lado de Assucena, estão a cantora Raquel Virgínia, 28, e o guitarrista Rafael Acerbi, 25, núcleo duro do grupo -que também é formado pelos músicos Carlos Eduardo Samuel, Danilo Moura, Rob Ashtoffen e Vitor Coimbra.

    Os três se conheceram no curso de história da USP, em 2011 e, no final de 2015, lançaram o primeiro disco, o elogiado "Mulher". Agora, ensaiam as músicas de seu próximo trabalho, "Bixa", que estará disponível nas plataformas digitais a partir de 1º/9.

    Giovanni Bello/Folhapress
    As vocalistas Raquel Virgínia (à esq.) e Assucena Assucena, d' As Bahias e a Cozinha Mineira
    As vocalistas Raquel Virgínia (à esq.) e Assucena Assucena, d' As Bahias e a Cozinha Mineira

    Com pegada pop eletrônica e dançante, o álbum teve produção musical de Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral (conhecidos por seu trabalho com Criolo). "Sentimos falta de olhar para os sintetizadores, o pop e a linguagem digital em 'Mulher'", diz Acerbi.

    No processo de composição, além de revisitar referências como Gal Costa e a tropicália, o grupo se voltou a nomes internacionais, como Michael Jackson. Assucena explica que a sonoridade do grupo é antropofágica, porque "come o que vem de fora e é somada às raízes brasileiras", defendendo que integra uma banda de MPB.

    "A ideia de o CD ser pop e com músicas menores era para que ele fosse consumido pelas baladas e casas noturnas, pelos jovens", diz Raquel.

    Há uma diferença no tom das mensagens de "Mulher" e "Bixa". No primeiro, existe um grito contra o preconceito que, no segundo, aparece disfarçado -as duas vocalistas da banda são transexuais.

    Na faixa "Sua Tez", por exemplo, há uma crítica aos questionamentos impostos pela sociedade. "Falam que ser trans ou homossexual é artificial. A artificialidade é a domesticação do corpo", afirma Assucena.

    Formado por dez músicas, o álbum brinca o tempo inteiro, de forma irônica e por meio de metáforas, com a dicotomia entre a natureza e o urbano. "Há um flerte com a cidade, sem perder as fábulas e as metáforas com os bichos", diz Raquel.

    Levada ao pé da letra, essa natureza aparece nos próprios nomes de canções, como "Pica Pau" e "Urubu Coruja, Coruja Urubu". "Tem os bichos e tem as 'bixas'. O disco questiona a segunda natureza que o ser humano apresenta e que é artificial", diz Assucena.

    Há uma referência ao disco "Bicho", de Caetano Veloso -que em 2017 completa 40 anos. Para Assucena, "'Bicho' é tanto a nossa delicadeza quanto a nossa brutalidade".

    Quem andou por São Paulo recentemente pode ter se deparado com lambe-lambes estilizados com imagens e o nome "Bixa". "Tinha o lance de a bicha invadir a cidade. Tanto essa brincadeira no sentido de orientação sexual quanto no do reino animal", diz Raquel Virgínia.

    Com vontade de trazer uma linguagem visual forte, a banda vai lançar, para cada canção, um "lyric video" (filmete com a letra) correspondente.

    *

    Confira o "lyric video" da música "Dama da Night".

    Lyric Video

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024