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    Coleção Folha revê trama de tinta autobiográfica de Simone de Beauvoir

    AMANDA LUZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    27/08/2017 02h00

    Reprodução
    A escritora francesa Simone de Beauvoir em foto para a revista "Time", em 1956. [FSP-Ilustrada-07.03.97]*** NÃO UTILIZAR SEM ANTES CHECAR CRÉDITO E LEGENDA***
    A escritora francesa Simone de Beauvoir em foto para a revista "Time", em 1956

    Dona da célebre frase "não se nasce mulher, torna-se mulher", a filósofa francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) integra a Coleção Folha Mulheres na Literatura com a obra "Mal-Entendido em Moscou", que chega às bancas no próximo domingo (03).

    O quarto volume da seleção conta a história de André e Nicole, professores sexagenários aposentados que sentem o peso da idade durante visita à União Soviética nos anos 1960. O motivo da viagem é encontrar Macha, filha do primeiro casamento de André, mas acaba por desencadear uma crise conjugal e identitária no casal.

    Assim como em "Os Mandarins", livro ganhador do Prêmio Goncourt na França em 1954, o enredo de "Mal-Entendido em Moscou" apresenta forte caráter autobiográfico de Beauvoir, nascido a partir das experiências da própria autora e de seu casamento com o também filósofo Jean-Paul Sartre, com quem viajou pelo território soviético na mesma época.

    No livro, o desapontamento de Nicole e André perante os fatos da vida não surge apenas como decorrência do envelhecimento do indivíduo e sua conotação negativa na sociedade contemporânea.

    A narrativa também reflete as frustrações políticas de ambos diante dos ideais socialistas, nos quais acreditavam e depositavam expectativas desde jovens. Mas viram pessoalmente que as expectativas não se cumpriram ao longo do tempo e ainda estavam longe de acontecer.

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    Mal-Entendido em Moscou
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    Apesar de refletir sobre a condição de ser mulher no mundo, o romance não se limita apenas às leitoras. "As obras de valor literário partem da condição individual e refletem todo o conjunto da experiência humana", afirma o crítico literário Manuel da Costa Pinto, colunista da Folha e curador da coleção.

    Escrito entre 1966 e 1967, "Mal-Entendido em Moscou" deveria ter integrado uma coletânea intitulada "A Mulher Destruída", de 1968, mas Simone de Beauvoir optou no fim por não publicá-lo.

    Atribui-se a desistência justamente à conotação extremamente pessoal da narrativa, tanto no que concerne o relacionamento entre Beauvoir e Sartre quanto na visão dos dois sobre o socialismo. O lançamento aconteceu somente seis anos depois da morte da filósofa e ícone feminista, em 1992, na revista francesa "Roman 20-50".

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