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Benoît Magimel (esq.) e Sidse Babett Knudsen (dir.) em cena do filme '150 Miligramas' |
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Ilustrada
Saturday, 04-May-2024 07:26:12 -03CRÍTICA
Regular, thriller '150 Miligramas' retrata escândalo farmacêutico
ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA31/08/2017 01h00
150 MILIGRAMAS (regular)
(La Fille de Brest)
DIREÇÃO Emmanuelle Bercot
PRODUÇÃO França, 2016
ELENCO Sidse Babett Knudsen, Benoît Magimel, Charlotte Laemmel e Isabelle De Hertogh
QUANDO estreia em 31/8
Veja salas e horários de exibição*
O título do filme no Brasil se refere à dosagem de benfluorex, o princípio ativo do medicamento Mediator, epicentro de um dos maiores escândalos sanitários da história recente da França, droga usada por diabéticos que provocou centenas de mortes naquele país.
O caso veio à tona em 2009, por iniciativa de Irène Frachon, pneumologista do Hospital Universitário de Brest, que se se insurgiu contra o lobby da indústria farmacêutica e as autoridades sanitárias.
Sua luta, cheia de altruísmo e determinação -que resultou na retirada do medicamento das farmácias francesas- é contada a partir dos códigos do thriller, numa narrativa cheia de reviravoltas e suspense.
Uma história que envolve grupos de interesse sem escrúpulos, enquanto os poderes públicos tergiversam, merece ser levada às telas. Mas o roteiro, baseado no livro-denúncia publicado por Frachon em 2010, não está à altura do tema.
O filme lança mão uma série de elementos para tentar dar mais densidade dramática à personagem da pneumologista, como momentos de sua vida familiar, que não surtem o efeito desejado. O mesmo acontece nas cenas em que ela aparece sozinha no mar agitado, alusão óbvia ao combate solitário e corajoso que trava contra os poderosos.
Outra inconveniência é ter feito de Frachon uma dinamarquesa, nacionalidade de Sidse Babett Knudsen, a atriz que encarna a personagem, para poder justificar seu sotaque.
Nos momentos de tensão extrema ela solta imprecações em dinamarquês, para a estupefação geral. No meio de tanto artificialismo, Knudesen -que é uma atriz com recursos- acaba se perdendo e muitas vezes carrega nas tintas.
A mesma falta de matizes aparece na estrutura do drama, organizado a partir da oposição esquemática entre a médica e seus aliados -os bons, ponderados e justos- e os representantes do laboratório e das autoridades de saúde - os maus, presunçosos e mentirosos.
Finalmente, os doentes, aqueles pelos quais a heroína se joga de cabeça nessa guerra, e seus dramas pessoais, aparecem muito pouco, quase não têm voz.
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