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    CRÍTICA

    'O Acampamento' tem narrativa envolvente apesar de trama banal

    ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    31/08/2017 01h00

    Divulgação
    Ian Meadow em cena do filme 'O Acampamento
    Ian Meadow em cena do filme 'O Acampamento'

    O ACAMPAMENTO (bom)
    (Killing Ground)
    DIREÇÃO Damien Power
    PRODUÇÃO Austrália, 2016, 14 anos
    ELENCO Harriet Dyer, Ian Meadow, Aaron Glenane e Aaron Pedersen
    QUANDO estreia em 31/8
    Veja salas e horários de exibição

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    Em seu primeiro longa-metragem, o roteirista e diretor Damien Power leva adiante a tradição do cinema de terror australiano de ambientar histórias em remotas paragens naturais, em que os protagonistas passam maus bocados nas mãos de tipos sinistros.

    Power compensa a falta de originalidade da história com uma maneira de contá-la bastante inventiva. Bem elaborado, o roteiro embaralha temporalidades diferentes para aprofundar o suspense.

    Dias antes do Ano Novo, Samantha (Harriet Dyer) e Ian (Ian Meadow) decidem acampar perto de uma cachoeira selvagem, dentro de um parque nacional. Quando o casal chega ao idílico lugar, encontra uma barraca montada e surpreendentemente vazia. A situação se complica com a irrupção de Chook (Aaron Glenane) e German (Aaron Pedersen), uma dupla de caçadores.

    A história do casal e o enigma que envolve os ocupantes da outra barraca são apresentados em paralelo e, no começo, de forma ligeira e propositalmente desorganizada. O salto de uma temporalidade a outra muitas vezes não é imediatamente perceptível, desorientando o espectador.

    Apesar da previsibilidade da situação, essa alternância entre as histórias amplia a sensação constante de ameaça que paira sobre Samantha e Ian e imprime um ritmo febril ao filme, cuja crescente intensidade captura a atenção do espectador quase até o fim, quando o quebra-cabeça se encaixa.

    A tensão também é trabalhada com eficácia pelo uso narrativo de objetos aparentemente anódinos, como o chapéu do bebê ou uma lata de cerveja. Quando a selvageria explode, em meio a essa atmosfera meticulosamente construída, ela é ainda mais perturbadora: a atrocidade pode ser gratuita, sem motivos.

    Depois de conduzir com competência o essencial da história, manipulando as emoções do espectador e apresentando cenas fortes, Power decepciona com um desenlace desprovido do mesmo vigor e que parece durar mais do que o necessário. A última cena, melodramática, nada acrescenta. Mas isso não tira os méritos do diretor estreante.

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    Assista ao trailer

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