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    Painel de Portinari que pertencia a família tradicional será exposto no Rio

    JAIRO MARQUES
    DE SÃO PAULO

    04/09/2017 02h13

    Ricardo Borges/Folhapress
    Cena do filme 'O Jantar
    "Bodas de Caná", painel realizado nos anos 1590 por Candido Portinari que irá para o MAM-Rio

    Depois de passar 60 anos apreciado apenas por uma família tradicional no Rio e seus amigos, um painel de Candido Portinari (1903-1962) –realizado quase na mesma época em que o artista compôs "Guerra e Paz", que fica na sede da ONU– poderá ser contemplado pelo público em geral a partir de 14 de setembro.

    "Bodas de Caná", realizado entre 1956 e 1957, foi delicadamente retirado da parede de um apartamento na lagoa Rodrigo de Freitas e levado para o MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio.

    "É uma obra de extrema importância artística nacional e para o nosso museu. Será o 17º trabalho de Portinari na coleção", afirma Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, presidente do MAM-Rio.

    "É um presente lindo dado ao público depois de um trabalho minucioso de restauradores", diz.

    O painel, realizado em têmpera sobre madeira, foi doado em testamento ao museu pela viúva de Francisco Clementino San Tiago Dantas (1911-1964), Edméa de San Tiago Dantas, que morreu em 2010.

    Amigo de Portinari, San Tiago Dantas foi jurista, escritor e ministro no governo de João Goulart –e chegou a presidir o MAM-Rio.

    Ricardo Borges/Folhapress
    Cena do filme 'O Jantar
    Detalhe do painel "Bodas de Caná",, que será exposto no MAM-Rio

    "Temos uma carta em que meu tio discute com Portinari os detalhes que gostaria de ver na obra, que é uma passagem bíblica. A pintura tem características semelhantes às de 'Guerra e Paz', o que torna o quadro mais impressionante ainda", declara Francisco de San Tiago Dantas Barbosa Quental, 70.

    Na Bíblia, a passagem é aquela em que Jesus Cristo transforma a água em vinho.

    Segundo ele, a família está feliz em ver a obra protegida e a ser compartilhada com mais pessoas.

    A junção entre as três partes que compõem a obra foi feita por Portinari com minuciosas pinceladas de tinta.

    Com o movimento de retirada do painel da parede, houve pequenas rachaduras que tiveram de ser reparadas por especialistas.

    O quadro, porém, não sofreu nenhum dano com umidade ou exposição inadequada à luz. E passou por um processo de proteção, limpeza e discretos reparos.

    Os custos da restauração e da retirada do painel do apartamento, que teve de contar com um guindaste, foram bancados pelo Bank of America Merrill Lynch, que não revelou o valor investido.

    "O banco já investiu na recuperação de cem obras em 29 países do mundo. O objetivo é auxiliar na valorização da cultura e do patrimônio cultural local", diz Thiago Fernandes, gestor das áreas socioambiental e de governança do banco no Brasil.

    "No caso do painel do Portinari, o impacto é mundial, devido à relevância que tem o artista", complementa ele.

    "Bodas de Caná" ficará exposto até o dia 19 de novembro no MAM-Rio.

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