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    CRÍTICA

    Semelhanças com 'Narcos' tiram impacto de 'Feito na América'

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    14/09/2017 01h00

    FEITO NA AMÉRICA (bom)
    (American Made)
    DIREÇÃO Doug Liman
    ELENCO Tom Cruise, Sarah Wright, Domhnall Gleeson
    PRODUÇÃO EUA, 2017, 16 anos
    Veja salas e horários de exibição

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    "Feito na América" é uma bola dentro de Tom Cruise. Entre suas duas franquias de ação habituais, "Missão Impossível" e "Jack Reacher", este é um filme cheio de qualidades, do roteiro engenhoso a uma edição frenética.

    O único problema, na verdade, está fora do filme. É a série de TV "Narcos", sucesso dos brasileiros José Padilha e Wagner Moura no mercado americano e mundial.

    Se a dramatização da vida do piloto americano Barry Seal não lembrasse tanto o seriado sobre o traficante colombiano Pablo Escobar, seu impacto poderia ser maior.

    Impossível não comparar. Primeiro porque Seal era um piloto comercial de algum talento que acabou trabalhando como agente da CIA e depois vendeu seus serviços ao cartel da droga, tornando-se operador direto de Escobar.

    Em segundo lugar, a profusão de toneladas de cocaína e bolsas e mais bolsas de dinheiro vivo desfiladas na tela é puro "Narcos".

    Seal chegou a ter tanto dinheiro em espécie que o filme faz o espectador brasileiro se lembrar o tempo todo da imagem dos R$ 51 milhões dentro de malas no agora famoso apartamento em Salvador. E muitas piadas pipocam no roteiro sobre a maneira atabalhoada de Seal lidar com tanto papel-moeda.

    É o próprio personagem que conta sua saga, outra similaridade com "Narcos", que tem as duas primeiras temporadas narradas pelo policial que caça Escobar.

    HOMEM DE FAMÍLIA

    Se a família do traficante aparece como um dos grandes focos de atenção no seriado, a relação de Seal com a mulher e filhos também tem papel de destaque na trama.

    Cruise atua mais descontraído do que costuma fazer na pele de durões como Jack Reacher e Ethan Hunt (de "Missão Impossível"). Sem cenas de ação arriscadas, um trunfo de seu marketing pessoal em Hollywood, ele pode aparecer aqui apalermado e trapalhão, e faz isso bem.

    Estar ligado a acontecimentos reais é uma armadilha para o filme, porque não há exatamente um clímax para encerrá-lo. O rumo do personagem está atrelado ao destino de Seal, e não é um desfecho empolgante.

    "Feito na América" mostra que ainda sobra carisma em Cruise, mesmo depois de tantos filmes nada brilhantes.

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    Assista ao trailer de 'Feito na América'

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