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    Com quase 70 atrações, Bienal de Dança vai da África até o Harlem

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    15/09/2017 02h00

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    A 10ª Bienal Sesc de Dança começou na quinta (14), em Campinas (SP)
    A 10ª Bienal Sesc de Dança começou na quinta (14), em Campinas (SP)

    A 10ª Bienal Sesc de Dança começou na quinta (14), em Campinas (SP), com quase 70 atrações, 11 estreias (três mundiais) e um olhar para as questões político-sociais que vai dos campos de refugiados africanos à dança voguing, nascida no Harlem e glamourizada pela ambição loira de Madonna.

    "Do Desejo de Horizontes", de Salia Sanou, coreógrafo de Burkina Faso que trabalha na França e na África, abriu a programação. O espetáculo foi inspirado em oficinas realizadas por Sanou em campos de refugiados em Burundi e Burkina Faso, e será reapresentado nesta sexta (15). A companhia também fará duas apresentações na capital, nos dias 19 e 20, no Sesc Vila Mariana.

    Saniou conta ter levado ao palco as reminiscências e imagens mais fortes dos campos. "Tentei transpor isso à cena evitando qualquer tipo de caricatura", diz à Folha.

    O coreógrafo fugiu de aspectos documentais. "Proponho uma leitura universal sobre as questões do deslocamento, da solidão e do viver junto a partir de uma situação de isolamento e ruptura social."

    Além dos movimentos migratórios, "um dos grandes desafios do mundo de hoje", segundo Claudia Garcia, da curadoria do evento, os dez dias de programação incluem trabalhos sobre outras "questões urgentes".

    A ameaça ecológica, por exemplo, é representada em obras como "Gentileza de um Gigante" (dia 16) e "Viagem a uma Planície Enrugada" (15), de Gustavo Ciríaco.

    Os curadores também encaixaram na programação espetáculos brasileiros em turnê internacional, como "Dança Doente", de Marcelo Evelin (15 e 16) e "Para que o Céu Não Caia", da Lia Rodrigues Cia. de Dança (22 a 24).

    Junto com os "grandes temas mundiais", os participantes levam à Bienal trabalhos sobre a conjuntura mais imediata e próxima –a crise político-econômica e a falta de financiamento às artes, por exemplo, são os temas da performance "Cachê" (15 e 16) e da instalação "Crise" (21, 22 e 24), do projeto "[a parte que te cabe]", do Núcleo Tríade.

    Garcia observa a retomada de uma arte que não se furta a ser política, mas não se limita à militância explícita. E é capaz de provar que glamour também é ativismo, como mostra a história dos bailarinos do voguing, representados por José Gutierrez, ou José Xtravaganza.

    Alçado dos bailes do Harlem para a turnê "Blonde Ambition", de Madonna, Gutierrez é uma das figuras centrais da cena, retratado nos documentários "Paris Is Burning" (1991) e "Strike a Pose" (2016). Os filmes serão exibidos no Sesc Campinas na segunda (18), seguidos por um bate-papo com Gutierrez. Na terça (19), o bailarino dará uma oficina.

    *

    BIENAL SESC DE DANÇA
    QUANDO até 24 de setembro
    ONDE Sesc Campinas (r. Dom José 1º, 270/333, tel. 19-3737-1500) e outros endereços
    QUANTO até R$ 30; programação em bienaldedanca.sescsp.org.br

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