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    CRÍTICA

    Em livro, gato safado conduz releitura da indústria da animação

    PAULO RAMOS
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    21/09/2017 01h00

    Divulgação
    Imagem da HQ 'O Bulevar dos Sonhos Partidos
    Imagem da HQ 'O Bulevar dos Sonhos Partidos'

    O BULEVAR DOS SONHOS PARTIDOS (muito bom)
    AUTOR Kim Deitch, com Simon Deitch
    EDITORA Todavia
    QUANTO R$ 54,90 (160 págs.)

    *

    Kim Deitch, 73, começou a atuar na década de 1960 em publicações alternativas de HQ. Anos depois, figurou entre os colaboradores da revista "Raw", de Art Spiegelman, criador da série em quadrinhos "Maus". É nessa época que surge "O Bulevar dos Sonhos Partidos", feito com seu irmão Simon.

    O livro reconstrói, a seu modo, a trajetória da indústria de animação nos EUA no século 20. O foco está na ficcional Fábulas Animadas Fontaine, empresa cujo principal sucesso é o gato Waldo. Mas os bastidores da produção escondem podres.

    Fruto da imaginação do desenhista Ted Mishkin, o gato sacana é um delírio do artista, alucinação que o acompanha desde a infância. Por intermédio do irmão, Al, gerente de produção do estúdio, o ser ganha animação própria –uma delas ambientada na tal rua dos sonhos partidos do título.

    O que significa renda para a empresa de animação se torna martírio à saúde mental de Ted. Seu drama pessoal o leva a sucessivos afastamentos e retornos a ela –num deles, passa a criar histórias em quadrinhos. De uma forma ou de outra, Waldo se fazia presente.

    Há muitas referências a figuras reais ao longo da história. Walt Disney (1901-1966) é citado explicitamente. Outros são mencionados de forma mais acobertada, como Winsor McCay (1869-1934), quadrinista e um dos primeiros a criar animações ""ele empresta o primeiro nome a um dos personagens, também pioneiro no ramo.

    O Bulevar dos Sonhos Partidos
    Kim Deitch
    l
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    O trabalho dos irmãos Deitch detalha como seriam os bastidores da criação dos primeiros desenhos animados, de quando ainda eram feitos em preto e branco até o processo industrial que impôs a cor. Faz isso com uma narrativa que entrega aos poucos as informações.

    Detalhes apenas citados são, depois, aprofundados e esclarecidos –o esquema narrativo funciona mais ou menos como o feito por Quentin Tarantino no filme "Pulp Fiction", de 1994, mas tendo a indústria da animação e os meandros de seus profissionais como protagonistas.

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