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    Rock in Rio 2017

    De 'cura gay' a demarcação de terras, Rock in Rio vira caldeirão de protestos

    AMANDA NOGUEIRA
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    24/09/2017 20h38 - Atualizado às 23h40

    De "cura gay" a demarcação de terras, os temas do noticiário nacional estiveram em pauta na sétima edição carioca do Rock in Rio, que se encerra neste domingo (24), ocupando parte do Parque Olímpico.

    A maioria das manifestações se desenrolou em apresentações de artistas brasileiros, alocados no palco secundário do festival ou nos shows iniciais do principal. O tom político regeu desde a abertura do evento, na sexta (15), com Gisele Bündchen.

    Ao lançar a plataforma Believe.Earth, que promove ações como o projeto socioambiental do Rock in Rio, Amazonia Live, a top model discursou sobre criar um mundo melhor. O público retribuiu com coro de "fora, Temer" antes que ela pudesse terminar de falar.

    O slogan do Amazonia Live, "eu acredito em um mundo melhor", servia como um convite a protestos em meio à polêmica do decreto que permite exploração em uma reserva mineral da região.

    Entre os artistas que abordaram o tema, Frejat citou "a cambada do congresso querendo destruir" a região, e Evandro Mesquita afirmou que a Amazônia "está seriamente ameaçada por políticos corruptos, mineradores e pecuaristas".

    O pedido pela demarcação de terras ganhou sua maior visibilidade no show da americana Alicia Keys, quando a líder indígena Sônia Guajajara subiu ao palco. "Não existe plano B, essa é a mãe de todas as lutas, é a luta pela mãe Terra", disse Guajajara.

    As cantoras Ana Cañas e Karol Conka militaram pela diversidade, direitos de minorias e contra a "cura gay", mas foram Liniker e Johnny Hooker que sintetizaram as causas com um "beijaço" em prol do amor livre. "Amar Sem Temer", mostrava o telão, aludindo ao presidente.

    O conflito na Rocinha, iniciado entre um fim de semana e outro do festival, dificultando o acesso ao Parque Olímpico, também ressoou. Nascido e crescido na comunidade, o vocalista da banda Sinara, Luthuli Ayodele, se disse "muito triste" com a situação.

    Durante sua apresentação com Alceu Valença e Geraldo Azevedo, Elba Ramalho sintetizou a ebulição política. "Que a gente possa construir um mundo novo, onde nossas florestas sejam preservadas, onde as pessoas não sejam discriminadas. Viva o Brasil e fora, Temer e todos os políticos corruptos que vilipendiam nosso país", disse a paraibana.

    Neste domingo (24), o show do Capital Inicial também foi marcado por protestos. Enquanto o público xingava Temer, Dinho Ouro Preto dedicou uma música a ele: "O Brasil é maior e melhor do que os seus representantes, essa aqui é para o Michel Temer". Sem se cansar da ebulição de protestos nesta edição do festival, a maioria dos presentes usou plenamente os pulmões para cantar "Que Pais é Esse". "A gente não merece, fala aí", disse Dinho depois.

    Desde sua idealização, em 1985, o Rock in Rio é palco de manifestações como essas.

    Naquele ano, Cazuza cantou "Pro Dia Nascer Feliz", abraçado a uma bandeira do Brasil, comemorando a eleição de Tancredo Neves. O ato seria relembrado na edição de 2013, em tributos ao cantor e a Raul Seixas.

    Mais recentemente, na edição de 2015, a então presidente Dilma Rousseff foi hostilizada durante shows do Metallica e do CPM 22.

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