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    Moda

    Em semana de moda de Milão, Fendi mira paisagem tropical brasileira

    PEDRO DINIZ
    ENVIADO A MILÃO

    25/09/2017 02h03

    Miguel Medina/AFP
    Um dos casacos da Fendi; marca que está de olho no Brasil
    Coleção da Fendi busca unir futurismo italiano a detalhes de paisagens tropicais como a do Brasil

    É grande a parcela de consumidores que rechaça o uso de pele animal na moda, mas, ainda que restrita, a prática tem clientela cativa no universo do luxo. A grife italiana Fendi, uma das mais prestigiadas da semana de moda de Milão, também é a de maior sucesso no segmento peleteiro e deve se beneficiar da onda animal que tomou as passarelas.

    A diretora criativa da marca, Silvia Venturini Fendi, desenhou a quatro mãos com o estilista Karl Lagerfeld, parceiro de longa data, uma mescla dos signos da fauna e da flora tropical para o próximo verão.

    Segundo Fendi, a paisagem brasileira norteia o bloco de peças tingidas de verde e as linhas estampadas em conjuntos de seda.

    "Buscamos unir o futurismo italiano com detalhes da paisagem tropical. Não vejo melhor lugar do mundo que represente essa mistura do que o Rio de Janeiro e São Paulo. São lugares perfeitos para usar essa moda", disse à Folha a estilista, que visita com frequência o país por causa de familiares radicados no Rio.

    As transparências, mais evidentes nesta coleção, assim como o uso de estampas florais pouco vistas em lançamentos recentes da grife, potencializam o discurso da matriarca. Ela também aposta na logomania, tendência inevitável para a próxima estação, com os dois "F" cruzados impressos em fechos de bolsas e casacos de pele curtos.

    O desfile em Milão foi um consistente jogo de pesos de matéria-prima natural, como o algodão e a seda, e química, nos jeans e no couro. Além das peles de visom, o couro de vaca é um dos principais ativos da marca familiar, cuja liderança já está na terceira geração e tem o controle de enormes fazendas de animais espalhadas pela Itália.

    Aparentemente desconexas, as roupas ampliam elementos da arquitetura do início do século 20, época do futurismo italiano, assim como a profusão de cores da mesma corrente estética.

    Parte da coleção é embalada em uma silhueta que remete às roupas das mulheres latinas, com olhar particular para as caribenhas, descobrindo ombros e pernas.

    "As referências nunca são literais, porque preferimos diluir as ideias em tecidos, estampas geométricas e grafismos", explica Fendi.

    Nem tanto. Há um teor pop na nova cartilha da grife. Presos aos acessórios, bonecos em forma de macaco e bananas mostram um ideal de tropicalidade caricata, mas que comercialmente tem as ferramentas para agradar à clientela jovem, os "millennials".

    A empresária diz que ainda não há fórmula exata sobre como as marcas de luxo, tradicionais e com estilo definido no século passado, devem tratar as novas gerações dentro de sua criação de moda. Para ela, é um momento de testes.

    "O modo de consumir dessas crianças é totalmente diferente. Vejo um gosto parecido com o do consumo de 1980, quando colocávamos logos nas peças e o mundo usava roupas esportivas e urbanas", diz ela, com uma ponta de desinteresse sobre o assunto que domina as estratégias das marcas internacionais.

    "Não acho que devemos nos prender a isso. Não estudo esse tema todos os dias e vou fazendo as coisas naturalmente."

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