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    Coleção Folha traz contos da ganhadora do Nobel Herta Müller

    AMANDA LUZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    01/10/2017 02h00

    Alejandro Acosta/Reuters
    A escritora romena-alemã Herta Müller, Nobel de Literatura em 2009
    A escritora romena-alemã Herta Müller, Nobel de Literatura em 2009

    Chega às bancas no próximo domingo (8/10) "Depressões", livro de estreia da escritora romena de origem alemã Herta Müller, prêmio Nobel de Literatura em 2009, e nono volume da Coleção Folha Mulheres na Literatura.

    A obra traz contos que transmitem, em habilidosa construção de linguagem, distintas formas de opressão que permeiam a vida dos indivíduos na família e nas relações sociais e com o Estado.

    Vítima do impacto do exílio –teve de reconstruir a vida em Berlim Ocidental durante a Guerra Fria–, a autora evidencia o que viveu e sentiu ao deixar sua terra natal por questões políticas.

    Herta Müller - Depressões (Vol. 09)
    Herta Müller
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    "Uma escritora contemporânea aborda o tema da autonomia do sujeito sob ótica política e além das diferenças de gêneros, ao mostrar a opressão de homens e mulheres no regime comunista de seu país natal", diz o crítico Manuel da Costa Pinto, colunista da Folha e curador da série.

    Isso não quer dizer que personagens femininas não sejam evidenciadas, mas que, a partir delas, a autora constrói um ponto de vista que abrange a totalidade humana.

    "Mostra que a cultura camponesa, a Igreja Católica e o stalinismo se enraizavam na opressão patriarcal", diz Mario Sergio Conti, colunista da Folha, que assina o prefácio.

    TERRAS BAIXAS

    O título, ambíguo, não diz respeito a transtornos psíquicos, mas a depressões geográficas. A expressão original "Niederungen" significa "terras baixas" e se refere à região de Banat, na Romênia, reduto de população de origem alemã, onde a autora nasceu.

    O conto-título abre o livro e é narrado por uma menina de uma pequena aldeia. A partir do enterro do pai, ela revela experiências e retrata a melancolia de uma minoria sem perspectivas no pós-Guerra.

    Pelos olhos infantis, vemos as trocas entre ela e o avô, entre os adultos e de todos com os animais. São relações entremeadas por tensões sociais, infelicidade, alcoolismo, solidão, adultério e violência.

    Em vez de despejar o submundo no leitor, Müller manuseia palavras e equilibra metáforas com maestria. Ao dar acesso ao surrealismo e ao lirismo, ela mostra como lidar com o peso da realidade.

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