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    CRÍTICA

    Com Thaila Ayala, filme 'Pica-Pau' tem enredo esticado até o limite

    CHICO FELITTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    05/10/2017 01h00

    PICA-PAU: O FILME (bom)
    (Woody Woodpecker)
    DIREÇÃO Alex Zamm
    ELENCO Timothy Omundson, Thaila Ayala, Scott Mcneil
    PRODUÇÃO EUA e Canadá, 2017, 84 min, livre
    QUANDO estreia nesta quinta (5)
    Veja salas e horários de exibição

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    A gargalhada dele não ganhou uma ruga em 76 anos. Depois de passar décadas atormentando a TV brasileira, o Pica-Pau vai ao cinema.

    Mas o passarinho vem com nova cara. Em vez de em desenho animado, o bicho é feito em computador e interage com atores de carne e osso, numa técnica chamada "live action", usada na saga "Alvin e os Esquilos" e em "Turma da Mônica - Laços", previsto para o meio de 2018.

    A animação computadorizada que compõe o protagonista é vistosa, e a versão dublada do filme parece ter sido privilegiada.

    A sessão para a imprensa foi com dublagem (a voz aguda perfurocortante da ave também permanece igual), e os planos para um lançamento internacional são ocultos ou inexistentes.

    Por mais que o habitat da ave de crista vermelha seja a América do Norte, onde se passa o filme, foi no Brasil que o Pica-Pau vicejou. Acontece que o penoso envelheceu mal nos EUA e na Europa, os maiores mercados cinematográficos.

    Como diria o blog de cinema do jornal "The Guardian", é bem capaz que o público anglófono tenha se esquecido dele, "a não ser que você tenha entre 50 e 85 anos".

    Mas, graças ao SBT e as reprises obsessivas da emissora durante a década de 1980 e 1990, o personagem está incrustado no mogno da mente do brasileiro.

    O lançamento é uma piscadela para o mercado nacional. Escalar uma atriz da terrinha para estrelar o longa não foi um acaso. Thaila Ayala faz bem um personagem que é limitado: Vanessa é frívola, materialista, histriônica"

    É o mesmo personagem de desenho animado de décadas atrás.

    Todo mundo que aparece na tela é plano e raso. Os personagens são ingênuos, estabanados e de emoções primárias: a mulher só quer status, o marido só quer dinheiro, o filho só quer ser aceito, os vilões só querem dinheiro e o produtor também só quer dinheiro –o seu, espectador brasileiro.

    Agora, um parágrafo para falar da história. O filme é um episódio pré-pronto esticado até não poder mais.

    Um advogado ganancioso herda umas terras na reserva florestal, decide erguer lá uma casa cafona para revender e vai importunar a paz do Pica-Pau.

    A ave encapetada fica fula e sai quebrando tudo, enquanto ainda arranja tempo para fazer amizade com o filho do advogado e participar de um festival local de música.

    Se você cresceu vendo na TV a ave descer as cataratas e usa o ditado "mau feito o Pica-pau", o filme pode servir como bálsamo afetivo. Mas para por aí.

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    Assista ao trailer de 'Pica-Pau: O Filme'

    Assista ao trailer de 'Pica-Pau: O Filme'

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