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    CRÍTICA

    Protagonizado por globais, 'Entre Irmãs' se curva a convenções

    NAIEF HADDAD
    DE SÃO PAULO

    12/10/2017 01h00

    ENTRE IRMÃS (ruim)
    DIREÇÃO Breno Silveira
    ELENCO Marjorie Estiano, Nanda Costa, Rômulo Estrela, Julio Machado
    PRODUÇÃO Brasil, 2017, 14 anos
    QUANDO estreia nesta quinta (12)
    Veja salas e horários de exibição

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    "Entre Irmãs", de Breno Silveira, é um filme épico e, como tal, deixa que a emoção transborde. Trata-se de uma marca do gênero, de "E O Vento Levou" (1939) a "O Senhor dos Anéis" (2001).

    A nova produção fortalece uma linha coerente na filmografia de Silveira, a começar por "2 Filhos de Francisco" (2005), o primeiro longa dirigido por ele.

    Desde aquela época, Silveira defende enfaticamente um cinema brasileiro que não se envergonhe de buscar a emoção do público.

    O caminho escolhido pelo diretor é bastante legítimo e já foi trilhado com dignidade. Grande diretores, como Pedro Almodóvar, percorrem essa via lacrimosa.

    Não está nesse aspecto necessariamente a fraqueza do filme. O problema de "Entre Irmãs" é se curvar tanto às convenções, como se estivesse a seguir um manual, o oposto do que faz Almodóvar.

    A história de duas irmãs no sertão pernambucano nos anos 30 é empacotada dentro da fórmula surrada das trajetórias que correm paralelas.

    O esquematismo do roteiro seria menos incômodo se o filme não tivesse quase três horas de duração. É também o tempo para que o sertão seja visto em um sucessão de imagens de cartão-postal.

    Mas é a trilha sonora que, definitivamente, põe "Entre Irmãs" a perder.

    O problema não está na música de Gabriel Ferreira, supervisionada por Antônio Pinto, mas no modo como ela é usada. Silveira não se importa em soar excessivo.

    Havia algum sentido na presença musical ostensiva em filmes biográficos sobre cantores como "2 Filhos de Francisco" e "Gonzaga: de Pai para Filho". Mas a reiteração em "Entre Irmãs" é um recurso apelativo.

    As protagonistas Marjorie Estiano e Nanda Costa estão convincentes, assim como Júlio Machado no papel do cangaceiro Carcará -ele já havia se saído bem em "Joaquim". Mas o esforço deles não basta para erguer o filme.

    "Entre Irmãs" é o quinto e mais quadrado filme da carreira de Silveira. Olhando pra frente, ele tem talento pra escapar dessa camisa de força sem prescindir da ambição do sucesso popular.

    Resta saber se é isso o ele que quer.

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    Assista ao trailer de 'Entre Irmãs'

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