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    '#PrimaveradasMulheres' mapeia historiografia do feminismo no Brasil

    FERNANDA MENA
    DE SÃO PAULO

    14/10/2017 01h59

    Em 1968, um grupo de ativistas americanas protestou contra os absurdos padrões de beleza impostos às mulheres jogando objetos considerados símbolos de opressão no lixo: maquiagens, saltos altos e sutiãs –que, apesar da lenda, não foram de fato queimados.

    Ainda assim, o episódio consagrou a imagem da queima de sutiãs como principal metáfora do feminismo. Foi a partir de 2011, quando mulheres tomaram ruas e redes em escala global, que emergiu a nova iconografia do movimento, tão diverso e complexo em pautas quanto em representações.

    O Brasil entrou nessa onda em articulações que ganharam corpo e voz ao longo dos anos, culminando com uma série de manifestações em 2015, que, por seu caráter iluminista e efeito cascata, foi apelidada de Primavera das Mulheres.

    Divulgação
    Agora é que são elas/ Arquivo Pessoal - Produzido por Alessandra Orofino, 26, Ana Carolina Evangelista, 37, Antonia Pellegrino, 35, e Manoela Miklos, 32, blog aborda política, cotidiano e cultura narrados do ponto de vista feminino e feminista
    Protesto registrado no documentário '#PrimaveradasMulheres'

    É esse o título do documentário de Antonia Pellegrino e Isabel Nascimento e Silva –a ser exibido na quinta (19), às 23h, no GNT–, que faz uma historiografia a quente do novo feminismo brasileiro ao mesmo tempo em que funciona como campanha de esclarecimento sobre o movimento e as muitas bandeiras contemporâneas.

    "#PrimaveraDasMulheres" traça a cronologia das ações e manifestações que impuseram o debate da desigualdade de gênero, tratada de forma transversal, a partir da voz de suas principais protagonistas.

    "O filme faz parte da estratégia de levar o debate do feminismo para um público que não é versado nele", diz Pellegrino, 37, roteirista e uma das articuladoras das campanhas #MexeuComUmaMexeuComTodas e #AgoraÉQueSãoElas, que deu origem ao blog homônimo publicado no site da Folha.

    Essas são duas das muitas hashtags que remontam a eclosão do novo feminismo no Brasil, que surgiu alinhado aos protestos globais da Marcha das Vadias, em 2011, e ganhou suas próprias cores locais.

    O rastilho de pólvora virou explosão em 2015 com o alcance e a repercussão da campanha #MeuPrimeiroAssédio, com relatos de episódios de assédio sexual sofridos na infância ou pré-adolescência.

    De lá para cá foram muitas outras campanhas: #MeuAmigoSecreto, #MulheresContraCunha, #BelaRecatadaEDoLar, #ViajoSozinha. Cada uma chama a atenção para um aspecto da violência a que as mulheres são submetidas, naturalizada por parte delas.

    Esse feito se fez sentir até mesmo na diretora Isabel Nascimento e Silva, 29, que só passou a se reconhecer como feminista após o projeto. Ela é a curadora da plataforma multimídia Hysteria, criada como núcleo da Conspiração Filmes, que será lançada em novembro e vai acolher e difundir produções e narrativas femininas dirigidas não só a mulheres.

    O documentário mapeia de feministas radicais a blogueiras jovens e articuladas, de ativistas transgênero a mulheres do movimento negro, "#PrimaveraDasMulheres" abarca as muitas vertentes da renovação feminismo e suas motivações.

    Se a indagação de Sigmund Freud se restringisse às feministas brasileiras, "#PrimaveraDasMulheres" responderia a sua célebre questão: Afinal, o que querem as mulheres?.

    NA TV
    #PrimaveradasMulheres
    Estreia do documentário
    Quando quinta (19), às 23h, no GNT

    Edição impressa

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