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    Festival Ilhabela in Jazz acerta ao escalar veteranos

    THALES DE MENEZES
    ENVIADO ESPECIAL A ILHABELA

    16/10/2017 02h00

    Divulgação
    Amilton Godoy durante apresentação no festival Ilhabela in Jazz
    Amilton Godoy durante apresentação no festival Ilhabela in Jazz

    Em sua quinta edição, terminada no sábado (14) após quatro noites de shows gratuitos ao ar livre, o Ilhabela in Jazz provou que acertar a mão na escalação é ainda o melhor caminho para um festival.

    Alguns nomes brilhariam em qualquer encontro jazzístico. Para ficar apenas em estrelas veteranas, destaque para o americano Dr. Lonnie Smith, 75, e os brasileiros Amilton Godoy, 76, João Donato, 83, e Arismar do Espírito Santo, 61.

    Os dois últimos fizeram show juntos na noite de encerramento do festival, com Arismar tocando baixo enquanto Donato desfilava seus hits autorais no piano. O público cantou junto, de "Emoriô" a "Nasci para Bailar".

    Talvez o único deslize tenha sido colocar o Amilton Godoy Trio no primeiro horário da sexta (13), quando a lotação ainda não era total. Em ótima forma, com talento para fazer a parte mais madura da plateia recordar seu trabalho genial com o Zimbo Trio desde os anos 1960, o pianista fez um show vigoroso.

    Godoy teve a boa sacada de trabalhar com clássicos populares, principalmente da bossa nova, e colocou o público para cantar. Foi o momento mais caloroso do festival.

    Um show que pode rivalizar com o dele foi a apresentação de Dr. Lonnie Smith, na quarta (11), abertura do Ilhabela in Jazz. Lenda do órgão Hammond B3, o americano hipnotizou a plateia, ajudado pela visual de sempre: roupa branca e turbante colorido. A pose de guru é plenamente justificada. Seu jazz é quase transcendental, luminoso.

    A pianista paulistana Louise Wooley fez um show impecável com seu quinteto, baseado no repertório de seu ótimo segundo álbum, "Ressonâncias". Yamandu Costa, sempre arrebatador, somou seu violão de sete cordas ao grupo curitibano Jazz Cigano, em números que lembravam a pegada do guitarrista belga Django Reinhardt, o pai do chamado gypsy jazz.

    Um pouco frios, mas extremamente bem tocados, foram os shows do grupo Ludere com o pianista Phillipe Baden Powell, filho da lenda do violão, e o do premiado pianista americano Uri Caine.

    A estranheza ousada do curador e pianista Paulo Braga esteve na escalação de Carlos Malta & Pife Muderno, com uma combinação de flautas, zabumba e triângulo que fechou a segunda noite em festa de forró misturado com jazz, e o grupo de percussão corporal Barbatuques, fazendo sua música sem instrumentos. O público, surpreso com cantores que batucavam os próprios corpos, registrava o inusitado com os celulares.

    Mas o mais curioso do Ilhabela in Jazz 2017 foi a combinação do primeiro e do último show do festival, indo de jovens a consagrados. Na abertura, subiram ao palco, juntos, estudantes brasileiros, da Emesp (Escola de Música do Estado de São Paulo), e americanos, da Juilliard Big Band. Empolgados, os garotos ganharam a plateia.

    No encerramento, um sexteto inédito, Ilhabela in Jam, formado com músicos que participaram individualmente de edições anteriores: Ricardo Herz (violino), Eduardo Neves (saxofone e flauta), Toninho Ferregutti (acordeão), André Marques (piano), Edu Ribeiro (bateria) e Bruno Migotto (contrabaixo).

    Como todos são compositores, levaram ao público músicas de cada um de seus repertórios, com ótima aceitação. A apresentação ainda foi marcada pela participação do curador Paulo Braga, pela primeira vez na história do evento tocando uma composição sua ao piano.

    O jornalista THALES DE MENEZES viajou a convite do festival.

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