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    'Vozes do Deserto' é tributo de Nélida Piñon à arte de contar histórias

    AMANDA LUZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    22/10/2017 02h00

    Caio Guatelli/Folhapress
    Nélida Piñon, autora do romance 'Vozes do Deserto' ganho o Prêmio Jabuti de Literatura
    Nélida Piñon, autora do romance 'Vozes do Deserto' ganho o Prêmio Jabuti de Literatura

    Scherezade sabe contar histórias como ninguém. Consciente disso, parte em missão sem retorno, não tanto heroica quanto inevitável: a de usar a imaginação para enfrentar o poder do Califa.

    Nélida Piñon reescreve a jornada da narradora de contos das "Mil e uma Noites" no romance "Vozes do Deserto", que chega às bancas no domingo (29), pela Coleção Folha Mulheres na Literatura.

    Vencedor do Prêmio Jabuti em 2005, o romance enreda o leitor na construção de uma Scherezade movida pelo desafio da criação, não apenas das histórias que conta, mas da própria narrativa.

    "Scherezade não teme a morte. Não acredita que o poder do mundo, representado pelo Califa, a quem o pai serve, decrete por meio de sua morte o extermínio da sua imaginação", escreve Nélida.

    O soberano, traído pela esposa, casa-se todos os dias com uma jovem do reino para matá-la após a noite de núpcias. Scherezade, então, articula um plano para se casar com o tirano e contar histórias que, noite após noite, a mantêm viva e subvertem a ordem recém-instaurada.

    "Ao mesmo tempo que explora as aventuras de Scherezade, este livro envolve o leitor com suas imagens sobre o poder da fabulação", diz Uirá Machado, editor da "Ilustríssima", da Folha, no prefácio.

    Nélida Piñon - Vozes do Deserto (Vol. 12)
    Nélida Pinon
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    Primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras (1996) e autodefinida como "feminista histórica", Piñon mergulhou em estudo da cultura, da história e da mitologia árabes por cinco anos antes deste tributo à imaginação como vetor da mudança.

    Piñon mostra a protagonista como agente criativa não só das tramas que narra, mas da narrativa da própria vida.

    Capaz de tanta abstração que a irmã Dinazarda diz ter "dificuldade de retornar ao ponto de partida", a narradora cumpre o seu propósito: a salvação das mulheres do reino e de si própria.

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