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    OSB consegue novo patrocínio e volta à ativa após um ano

    MARCO AURÉLIO CANÔNICO
    DO RIO

    20/10/2017 12h53

    Eliana Rodrigues/Divulgação
    Yamandu Costa (de branco) em apresentação com a Orquestra Sinfônica Brasileira em SP
    Yamandu Costa (de branco) em apresentação com a Orquestra Sinfônica Brasileira em SP

    Após um ano em que perdeu patrocínios, acumulou dívidas e suspendeu sua temporada de concertos, a Orquestra Sinfônica Brasileira anunciou a retomada oficial de suas atividades com uma apresentação neste domingo (22), às 18h, na Sala Cecília Meireles, no centro do Rio.

    O concerto será o primeiro de nove que a OSB fará até o fim deste ano, graças a um contrato de patrocínio com a Nova Transportadora do Sudeste (do grupo Brookfield), que passa a ser a mantenedora da orquestra. "Trata-se de um contrato por três anos que nos garantirá R$ 8 milhões anuais. Nossa maior cota de patrocínio", diz Ana Flávia Leite, 34, diretora-executiva da Fundação OSB. Segundo ela, há outras propostas "em processo de formalização".

    Afundada na pior crise de seus 77 anos, a orquestra não teve temporada em 2017. A do ano passado foi suspensa em setembro e concluída de forma improvisada, usando obras em domínio público e limando convidados pagos. Alguns poucos concertos foram feitos desde então, em apoio aos músicos, que acumularam sete meses de salários atrasados.

    A crise da OSB se iniciou há três anos, numa mistura de má administração -com inúmeras prestações de contas reprovadas, o Ministério Público Federal pediu a suspensão de repasses oriundos de isenção fiscal- e de queda de arrecadação junto a empresas privadas.

    A Prefeitura do Rio, cidade-sede da orquestra, vinha contribuindo desde 2009, na gestão de Eduardo Paes, com uma média de R$ 6 milhões anuais, mas, a partir de 2014, cessou os repasses. Um total de R$ 12 milhões previstos deixaram de ser repassados pelo município, o que a OSB considerou a principal causa de seu desequilíbrio, ainda que outros patrocínios tenham sido encerrados.

    "Estamos trabalhando há nove meses na reestruturação e na qualificação da gestão da Fundação. Procuramos estabelecer novos paradigmas, sobretudo alinhados com as mudanças da Lei Rouanet. Temos trabalhado lado a lado com o Ministério da Cultura, buscando o rigor necessário na prestação de contas dos projetos incentivados", afirma Ana Flávia.

    Segundo a diretora-executiva (que assumiu em janeiro deste ano), as dívidas da orquestra "estão sendo liquidadas em conformidade com a lei" e os salários atrasados "deverão ser objeto de negociação específica com os músicos". "No momento, gostaríamos de celebrar e dividir com o público esse grande feito de termos subsistido mesmo sem o apoio da prefeitura e conquistado outras formas de manter nossa instituição."

    CONCERTO DA RETOMADA

    A apresentação que marca a volta da OBS à ativa terá regência do maestro Roberto Tibiriçá e Leonardo Hilsdorf como solista ao piano. Serão executadas obras de Chopin ("Polonaise, op.40, nº 1 em Lá Maior" e "Concerto para Piano nº1, op.11, em Mi Menor"), Strauss (abertura de "O Morcego") e três valsas de Tchaikovsky ("Eugene Onegin", "Lago dos Cisnes" e "A Bela Adormecida"). Os ingressos custam R$ 300.

    Até o fim deste ano, a OSB se apresentará na sala estadual Cecília Meireles, na Lapa. No domingo serão anunciadas as datas dos próximos concertos. A Fundação também firmou parceria com a rádio MEC para transmissões ao vivo dos concertos.

    "Estamos iniciando com este primeiro concerto uma nova fase da OSB. Sofremos muito nesse período sem salários e sem estarmos junto ao nosso público. O drama pessoal às vezes pesava mais do que o desejo de lutar, mas optamos por acreditar", disse Nikolay Sapoundjiev, representante dos músicos.

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