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    Em SP, fotógrafa Nan Goldin afirma que quer boicotar museus

    ISABELLA MENON
    DE SÃO PAULO

    01/11/2017 18h48

    Ricardo Miyada/Divulgação
    Nan Goldin durante palestra lotada no Instituto Tomie Ohtake
    Nan Goldin durante palestra lotada no Instituto Tomie Ohtake

    "Quero boicotar museus. Eles são lindos, mas financiados por empresas farmacêuticas responsáveis por viciar pessoas em analgésico e opioides."

    A afirmação é da fotógrafa Nan Goldin, 64. Ela falou durante uma palestra nesta terça-feira (31) no instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

    Um exemplo é o grupo Sackler. Responsável por inserir medicamentos como o OxyContin, remédio para dor com base em opioide, a empresa patrocina museus e já financiou salas no Louvre, em Paris, e no Museu Britânico, em Londres.

    Os Estados Unidos vivem uma crise ligada aos opioides. Em 2016, quase um milhão de americanos usaram heroína e 11 milhões abusaram de analgésicos opiáceos. No mesmo ano, 64 mil americanos morreram de overdose de drogas, sendo 53,3 mil de analgésicos opiáceos ou de drogas como heroína e fentanil.

    A fotógrafa, que já foi viciada em ópio e remédios e diz já ter perdido amigos para as drogas, defendeu a descriminalização das drogas quando questionada sobre como a cidade de São Paulo poderia solucionar a questão do crack.

    "Enquanto as drogas forem criminalizadas e pessoas ganharem milhões sobre elas, não haverá fim".

    A artista ressaltou a importância de que dependentes químicos se sintam acolhidos, principalmente aqueles lançados às ruas por questões ligadas à homofobia.

    PINTORA

    Famosa por retratos de membros de comunidades LGBT, usuários de drogas e marginais em geral, a fotógrafa aproveitou a ocasião para mostrar fotos que ela fez em São Paulo, em 1995, em diálogo com os temas da palestra: representatividade e visibilidade feminina e de gênero.

    "Eu não lembro o nome do bar ou das modelos", disse, brincando com o passado junkie. "Se alguém lembrar, por favor, me avise."

    Goldin definiu seu trabalho fotográfico como "bruto". "Eu nem o edito propriamente."

    Além das fotografias, ela falou sobre sua atual paixão: pintar. "É incrível colocar as mãos sobre algo que você ama."

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