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    Selton Mello é engenheiro de índole duvidosa em série sobre 'jeitinho'

    GUSTAVO FIORATTI
    DE SÃO PAULO

    02/11/2017 02h00

    Ramon Vasconcelos/Divulgação
    Selton Mello em cena da minissérie "Treze Dias Longe do Sol", da Globo
    Selton Mello em cena da minissérie 'Treze Dias Longe do Sol', da Globo

    Do mais recente para o mais antigo: um prédio em construção desabou em Guarulhos em 2013; outro caiu no centro do Rio, em 2012, derrubando edifícios da vizinhança; e houve ainda um que foi ao chão na Barra da Tijuca, no Rio, em 1998. Todos eles deixaram saldo de mortos e feridos.

    Pode parecer nonsense assistir à imagens de uma situação similar na TV, especialmente quando os efeitos especiais não fazem muitas cócegas. Ao retratar uma tragédia coberta por tijolos e cimento, porém, "Treze Dias Longe do Sol", novo seriado da Globo, tem amparo em realidades, elas, sim, absurdas.

    Na estratégia de atrair assinantes para sua plataforma de vídeo, a emissora faz a estreia da obra dramatúrgica hoje no site Globo Play. A estreia na TV deve ocorrer em janeiro.

    O prédio cai no primeiro capítulo e dispara um enredo de tensões psicológicas protagonizado pelo engenheiro que cuida da obra (Selton Mello).

    É o típico personagem central dos seriados de início de século: homem maduro, trajetória profissional estável até aquele ponto e decisões moralmente questionáveis. Pega carona em "Família Soprano", "Breaking Bad" e "Mad Men".

    "Se eu seria amigo dele? Acho que não seria, não", diz Selton, ao ser questionado sobre qual julgamento faz do caráter do protagonista.

    SOTERRADOS

    "Ele erra, e todos nós erramos, tem a ver com isso", defendo o ator, adiantando um pouco da trama. Quando o prédio cai, seu personagem está dentro, junto com um grupo de operários e uma mulher que inspeciona a obra, interpretada por Carolina Dieckmann.

    "Eles estão soterrados, e quem está lá em cima também está", explica o ator, referindo-se à condição emocional das pessoas que acompanham o resgate -familiares e profissionais envolvidos nos esquemas de corrupção que resultam no acidente.

    "É uma história de soterrados. Todos na teia das coisas malfeitas e maquiadas". A série tem no elenco Debora Bloch, Paulo Vilhena, Lima Duarte e Fabrício Boliveira.

    Segundo Luciano Moura, que dirigiu a obra e escreveu o roteiro com Elena Soárez, o personagem de Selton "dá aquele passo no primeiro degrau para o inferno, e a descida não para". A história "é de um cara desestruturado e que só tem uma coisa a fazer, a tentativa de reinvenção."

    Ao resumir preceitos de um bom roteiro para uma série de TV, Soárez diz, ainda, que pode ser um erro "apresentar de cara todos os personagens, você não vai dar conta".

    Isso significa que coadjuvantes e histórias paralelas devem ganhar profundidade. Ela também defende "algo radical" no início da trama, para segurar o espectador. "A gente derrubou um prédio no primeiro capítulo".

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