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    Sonia Bischain, autora da periferia de SP, vai à Sorbonne falar sobre ditadura

    RONALDO LAGES
    DA AGÊNCIA MURAL

    11/11/2017 02h00

    Acervo Pessoal/Agência Mural
    Sonia Bischain falou em Paris sobre 'Nem Tudo É Silêncio
    Sonia Bischain falou em Paris sobre 'Nem Tudo É Silêncio'

    Com uma obra sobre a vida na periferia de São Paulo durante a ditadura militar, a escritora Sonia Regina Bischain, 60, participou de um debate na Sorbonne, de Paris, no mês passado.

    Moradora da Brasilândia, zona norte de São Paulo, ela recebeu o convite graças ao livro "Nem Tudo É Silêncio", que conta a história de quatro gerações de mulheres que viram a formação do bairro.

    O livro chegou às mãos de Regina Dalcastagnè, pesquisadora da Universidade de Brasília. Por meio dela, o pesquisador Paulo Thomaz teve conhecimento do texto e citou o livro fora do país.

    "Mais tarde, resolveram fazer na Sorbonne um evento sobre literatura e ditadura no mundo", conta Sonia, que também é fotógrafa e escreveu outros três livros.

    A autora aponta que muitos livros abordaram o período ditatorial brasileiro, como "As Meninas", de Lygia Fagundes Telles, e "Quarup", de Antônio Callado.

    "Todos os outros livros foram escritos por intelectuais de classe média. Acabei sendo convidada para contar a vida de pessoas comuns que também foram atingidas."

    Durante a participação, ela também apresentou o poema "Travessia", de sua autoria.

    Apesar de ter estudado minimamente francês ainda na infância, Sonia temia as barreiras culturais e linguísticas.

    "Naturalmente, ela ficou assustada quando foi convidada pra falar na Sorbonne ao lado de estudiosos e intelectuais. [Mas] superou o medo", conta Flávia Bischain, 32, professora do ensino médio na rede pública e filha da autora.

    "Ela não tem ensino superior, mas soube desenvolver em nós o gosto pela leitura e pelos estudos. Seus romances mostram um pouco da sua visão sobre fatos importantes da história, a formação do nosso bairro, as pessoas que conheceu e um pouco dela mesma: mulher da periferia, que sempre levou o mundo nas costas", diz a filha.

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