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    crítica

    'Top of the Lake' retorna após 4 anos com maratona no cinema

    CÁSSIO STARLING CARLOS
    CRÍTICO DA FOLHA

    11/11/2017 02h00

    Divulgação
    Nicole Kidman em cena do filme 'Top of the lake: China girl'
    Nicole Kidman em cena de 'Top of the Lake - China Girl', que será exibido no CineSesc

    TOP OF THE LAKE - CHINA GIRL (ótimo)
    DIREÇÃO Jane Campion e Ariel Kleiman
    ELENCO Elisabeth Moss e Nicole Kidman
    PRODUÇÃO Reino Unido/Austrália/Nova Zelândia/EUA, 2017, 16 anos
    QUANDO sábado (11), às 14h, no Cinesesc

    *

    Dizem que o cinema anda cada vez pior, enquanto as séries de TV conquistaram o topo do interesse pela ficção audiovisual. Um dos sinais dessa mudança seria o número de cineastas de renome assinando séries, com o argumento de que nelas encontram liberdades de criação cada vez mais raras.

    Quem não resiste às boas narrativas e não desiste das vantagens visuais do cinema tem neste sábado (11), na sessão única de "Top of the Lake - China Girl", no Cinesesc, a oportunidade de completar a maratona diante de uma das melhores telas da cidade.

    A segunda temporada da série traz de volta a grife de Jane Campion, única diretora a conquistar a Palma de Ouro. Seu nome aparece nos créditos como criadora (ao lado de Gerard Lee) e produtora executiva. Depois de dividir, com Garth Davis, a direção da primeira temporada, ela assina os episódios 1 e 5 da segunda.

    Na temporada de 2013, disponível no Netflix, a série tinha, entre seus atrativos, os efeitos de assinatura que os cinéfilos adotam para identificar um autor.

    No caso de Campion, isso aparece na temática centrada em traumas femininos, nos conflitos sexuais e políticos, no uso expressionista dos cenários e no romantismo sombrio em que ela mergulha seus personagens.

    Na segunda temporada, a profundidade espacial da Nova Zelândia cede importância à vertigem urbana de Sydney. A série explora o mapa sinuoso da cidade e o oceano como fronteira física e simbólica.

    A policial Robin Griffin (Elisabeth Moss, melhor ainda que em "The Handmaid's Tale") retorna em outro caso de violência contra a mulher.

    Embora introduza outras e mais nuançadas personagens femininas, como a desequilibrada mãe com que Nicole Kidman arranca aplausos, a segunda temporada não se resume à guerra dos sexos.

    O peso dramático agora se transfere para os conflitos entre figuras paternas e maternas e os filhos, que rompem com o casulo sem conseguir encontrar outro lugar. Nessa zona indefinida, os predadores estão sempre à espreita, espalhando medos fantasmáticos e reais, como no assombroso terceiro episódio.

    O mistério permanece como o fio que articula as camadas e sua função é nos manter reféns em lugares escuros do mundo e da alma.

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