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    Mais longevo evento de dança tenta escapar à extinção com verba reduzida

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    12/11/2017 02h00

    Anaïs Lleixà/Divulgação
    O artista espanhol Jordi Galí abre o Festival Contemporâneo de Dança com o espetáculo 'T
    O artista espanhol Jordi Galí abre o Festival Contemporâneo de Dança com o espetáculo 'T'

    A 10ª edição do Festival Contemporâneo de Dança de São Paulo devia ser uma celebração em grande escala. Mas a mostra do gênero há mais tempo em continuidade na cidade reflete a crise nas artes, em especial na dança.

    Iniciado nesta sexta (10), o festival, pensado inicialmente com uma programação extensa, terá apenas três espetáculos (dois internacionais e um nacional). A mostra de novos criadores, um dos pontos que sempre o distinguiram, acabou "amputada", segundo os organizadores.

    Neste ano, o festival não teve apoio público ou privado. A realização só foi possível com suporte de instituições como o Sesc-SP e o Centro de Referência da Dança, que oferecem espaço às apresentações e cachê, e o Consulado da França, que financiou a vinda de artistas estrangeiros.

    O orçamento, que há dois anos era de R$ 400 mil, reduziu-se a cerca de R$ 60 mil, segundo Amaury Cacciaro Filho, diretor-geral do festival.

    "A situação está crítica, com o cancelamento do patrocínio do Itaú Cultural, que tinha apoiado a edição de 2015", diz Cacciaro Filho. Segundo ele, em 2016 a prefeitura cedeu só o teatro da Galeria Olido, "mas a sala estava sem som e sem luz".

    Os tempos difíceis levaram os organizadores a transformar o festival em um evento bienal após a edição de 2018, para a qual contam com edital de patrocínio junto ao Centro Cultural Banco do Brasil.

    RESISTÊNCIA

    A programação de 2017 é considerada um "ato de resistência" por Cacciaro Filho e pela responsável pela direção artística, Adriana Grechi. "Três trabalhos bem simbólicos desta tentativa de destruição das artes", diz ela.

    O equilíbrio frágil e provisório de forças inspira "T", de Jordi Galí, catalão radicado na França. No espetáculo, que terá última exibição neste domingo (12), no Teatro Sérgio Cardoso, ele cria um ambiente de materiais cotidianos que afetam e são afetados pela presença de seu corpo.

    A vinda de Galí foi financiada pelo Institut Français du Brésil e pelo Consulado Geral da França em São Paulo.

    É o mesmo caso de Ivana Müller, croata que trabalha em Paris. Nos dias 18 e 19, ela apresenta "We Are Still Watching", no Sesc 24 de Maio.

    "A obra de Müller é política. A criação de uma coreografia é em tempo real, o público participa de cada tomada de decisão", diz Grechi.

    Representando o Brasil, Eliana de Santana apresenta "A Emparedada da Rua Nova".

    A obra —inspirada no livro homônimo de Carneiro Vilela (1846-1913), sobre uma jovem emparedada viva a mando do próprio pai— tem apresentações nos dias 16 e 17, no Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo.

    *

    10º FESTIVAL CONTEMPORÂNEO DE DANÇA
    QUANDO quando até 19/11
    ONDE Teatro Sérgio Cardoso, r. Rui Barbosa, 153, tel. (11) 3883-8080; Centro de Referência da Dança, baixos do Viaduto do Chá, s/n, tel. (11) 3214-3249; Sesc 24 de Maio, r. 24 de Maio, 109, tel. (11) 3350-6300
    QUANTO de entrada franca a R$ 30
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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