• Ilustrada

    Saturday, 04-May-2024 17:01:54 -03

    Morre na Alemanha o historiador e cientista político Moniz Bandeira

    DE SÃO PAULO

    11/11/2017 04h11

    Tuca Vieira/Folhapress
    ORG XMIT: 511301_1.tif Literatura: o escritor Luiz Alberto Moniz Bandeira recebe o troféu Juca Pato, na Academia Paulista de Letras, em São Paulo, (SP). (São Paulo, SP, 03.08.2006. Foto de Tuca Vieira/Folhapress - Digital)
    O escritor Luiz Alberto Moniz Bandeira recebe o troféu Juca Pato, na Academia Paulista de Letras (SP)

    O historiador, cientista político e escritor baiano Luiz Alberto Moniz Bandeira morreu nesta sexta (10), aos 81 anos, em Heidelberg, na Alemanha, onde vivia.

    A informação foi divulgada pelo Grupo Editorial Record. Cônsul honorário do Brasil, ele estava internado em um hospital desde o último domingo (5).

    Bandeira sofria de problemas cardíacos, mas a causa oficial da morte e informações sobre o velório e enterro não foram divulgadas até a conclusão desta edição.

    Ele deixa a mulher, Margot Bender, e o filho, Egas.

    Nascido em Salvador, era doutor em ciência política pela USP e professor titular aposentado de política exterior do Brasil no departamento de história da UnB (Universidade de Brasília).

    Escreveu obras clássicas, como "Formação do Império Americano - da Guerra Contra a Espanha à Guerra no Iraque" (2005), "A Segunda Guerra Fria - Geopolítica e Dimensão Estratégica dos Estados Unidos" (2013) e "A Desordem Mundial - o Espectro da Total Dominação" (2016).

    Foi autor de mais de 20 livros, a maioria sobre política internacional.

    Em 2017, no ano em que a Revolução Russa completou cem anos, ele acabara de lançar edições ampliadas de "O Ano Vermelho - a Revolução Russa e Seus Reflexos no Brasil", publicada inicialmente em 1967, e "Lênin - Vida e Obra", de 1978.

    PRÊMIOS
    Em 2015, a UBE (União Brasileira de Escritores) indicou o historiador para disputar o Prêmio Nobel de Literatura, a mais importante honraria da área, por seu trabalho como "intelectual que vem pensando o Brasil há mais de 50 anos".

    "Moniz Bandeira tem um posicionamento marcante em favor da política cultural, da defesa da liberdade de expressão e da nacionalidade brasileira", afirmou o então presidente da UBE, Joaquim Maria Botelho, ao falar sobre a indicação.

    Neste ano, o escritor foi indicado ao Jabuti, um dos principais prêmios literários do país, por "A Desordem Mundial", na categoria ciências humanas.

    A obra investiga o avanço da onda conservadora em todo o mundo e faz um panorama político internacional.

    As relações entre a queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovych em fevereiro de 2014 com o suporte do Departamento de Estado dos EUA, a atuação de grupos neonazistas, a crise dos refugiados e os ataques à Síria pelas forças do Exército russo também são temas do volume.

    *

    REPERCUSSÃO
    Leonardo Boff, teólogo e escritor
    "Moniz Bandeira, de quem me fiz amigo nos últimos anos, foi quem melhor estudou a política externa norte-americana com referência ao Brasil e à América Latina. Sua erudição era fantástica. Morreu com saudades do Brasil."

    Carol Proner, professora de direito internacional da UFRJ
    "Eu perdi o Luiz, um amigo fraterno, mas o Brasil perdeu o historiador genial, um dos poucos intelectuais capazes de explicar como é que chegamos a esta situação."

    Humberto Costa, senador (PT/BA)
    "Foi pioneiro no estudo das relações internacionais e uma resistência colossal na defesa dos interesses nacionais."

    Roberto Requião, senador (PMDB/PR)
    "Não encontro palavras para exprimir a dor e a perda que sofre a verdadeira intelectualidade brasileira."

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024